Centenas de sementes venenosas são encontradas em recipiente da Roma Antiga

06/03/2024 às 09:002 min de leituraAtualizado em 06/03/2024 às 13:48

Os romanos, durante a antiguidade, deixaram contribuições em diversas áreas do saber, como na engenharia, no campo do direito, e mesmo na culinária. E segundo um novo estudo, publicado na revista Antiquity, seus conhecimentos também se estendiam ao uso de sementes venenosas.

Centenas delas foram encontradas no interior de um osso oco, usado como recipiente há cerca de 2 mil anos e que tinha 7,2 cm de comprimento. Essa descoberta, ocorrida na Holanda, representa a primeira evidência do uso e armazenamento de um determinado tipo de semente venenosa durante a era romana.

Os arqueólogos acreditam que o recipiente identificado seria osso de uma ovelha ou cabra. A condução do estudo partiu da constatação que sementes da mesma espécie foram encontradas no interior e próximo de antigos sítios arqueológicos. Localizados na porção noroeste do continente europeu, eles datam de mais de 5000 a.C.

(Fonte: Antiguity/Reprodução)(Fonte: Antiquity/Reprodução)

Em busca de evidências

Arqueólogos identificaram que as sementes correspondem a uma variedade bastante venenosa, chamada de meimendro-preto, cujo nome científico é Hyoscyamus niger. Além das suas propriedades medicinais, a planta também é conhecida pelo seu efeito alucinógeno. Ela geralmente se desenvolve em solos arenosos e ricos em nutrientes.

Presente na Europa e Ásia, curiosamente, hoje se trata de uma variedade escassa na Holanda. Ainda não é possível afirmar se os primeiros agricultores, no passado, teriam introduzido a planta no local de forma intencional, já que ela pode ser semeada de forma involuntária.

Coentro e arruda figuram entre as espécies introduzidas em território holandês durante o período romano, por exemplo. Especulava-se, entretanto, que o meimendro-preto raramente teria sido cultivado desde o período neolítico. Para compreender se havia ou não uso intencional da planta na região alvo da pesquisa, os pesquisadores recorreram a três abordagens distintas.

(Fonte: Antiguity/Reprodução) (Fonte: Antiquity/Reprodução)

Detalhes da descoberta das sementes venenosas

Isso ocorreu ao analisar os locais em que o meimendro-preto era encontrado, embora encharcado ou carbonizado, ao buscar por artefatos eventualmente relacionados ao seu uso, e também a partir da busca por outras plantas cultivadas no mesmo contexto. Isso porque, segundo o estudo, o plantio de diferentes espécies seria um forte indício de uso intencional.

A descoberta do antigo artefato, conforme aponta o trabalho publicado, ocorreu em 2017, a partir de escavações em Houten-Castellum. O osso, fechado com um tampão, teria sido usado entre 70 e 100 d.C., segundo pesquisadores. Das mais de mil sementes originalmente encontradas no interior do osso esculpido, muitas caíram dele assim que encontradas, e apenas 382 se mantiveram preservadas para a análise.

E assim como nós fazemos quanto desejamos saber mais sobre uma determinada civilização antiga, pesquisadores recorreram a textos clássicos para encontrar informações que se relacionavam com o tema do estudo. Assim, eles constataram que naquele período de fato já havia conhecimento acerca da planta e de suas propriedades.

Como exemplo disso, Plutarco foi um dos antigos que considerou a planta como remédio, ao curar enfermidades, e também como veneno, descrevendo seus efeitos. Plínio, o Velho, da mesma forma, relatou os benefícios, e sobretudo os perigos que o meimendro oferecia, uma vez que as sementes eram capazes de provocar tonturas e de levar uma pessoa à loucura.

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