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11/07/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 11/07/2024 às 09:00
Uma hipótese para explicar a origem da vida na Terra, conhecida como fontes hidrotermais alcalinas, está sendo usada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos EUA, para investigar se reservatórios de baixa temperatura poderiam sobreviver nas profundezas abissais das luas de Júpiter e Saturno.
O objetivo é saber se uma possível circulação hidrotérmica entre esses mundos comprovadamente oceânicos "poderia ajudar a vida a se desenvolver profundamente abaixo da superfície gelada", diz o estudo, recentemente publicado na revista Journal of Geophysical Research: Planets.
Os autores acreditam que alguns desses mundos oceânicos, principalmente as luas Europa e Ganimedes, de Saturno, e Encélado, de Saturno, possuem circulação hidrotérmica. Esse movimento da água quente poderia teoricamente aquecer esses oceanos gelados e torná-los habitáveis.
Para testar suas teorias, os pesquisadores utilizaram modelos complexos de computação modelados de acordo com a circulação hidrotermal da Terra. Alterando variáveis como gravidade, calor, propriedades das rochas e profundidade da circulação de fluidos, eles concluíram que essas fontes submarinas dependem de certas condições para se sustentar.
O sistema de circulação de fonte termal submarina utilizado como parâmetro é um fundo marinho real de 3,5 milhões de anos, existente no noroeste do Oceano Pacífico. Nesse local, a água fria do fundo do mar flui através de um monte que já foi um vulcão submarino, viaja no subsolo por 48 km e reflui de volta através de outro monte submarino.
É a flutuabilidade que regula o equilíbrio do fluxo entre os dois montes. Segundo o estudo, a água fica menos densa quanto esquenta, e mais densa quando esfria. Essas diferenças de densidade acabam criando alterações de pressão do fluido na rocha, que irão se manter enquanto houver calor. "Nós o chamamos de sifão hidrotermal", diz o primeiro autor do estudo, AndrewFisher, em um release.
Além da existência de aberturas quentes o suficiente para manter a atividade química (e até possíveis formas de vida), a baixa gravidade dessas luas faz com que haja menos pressão sobre os fluidos, que assim atingem temperaturas mais altas antes de subir até o leito oceânico.
O fato de essas luas não terem um núcleo quente como o da Terra, torna essas aberturas de temperaturas moderadas a baixas mais duradouras, pois a baixa gravidade também impede que o calor se dissipe. Com isso, um ambiente estável poderia se manter bilhões de anos, fornecendo uma extensa janela de tempo para evolução geológica e até mesmo biológica.
Cientes das dificuldades de testar suas hipóteses in loco, os autores reconhecem que o importante neste momento é "aproveitar ao máximo os dados disponíveis, muitos deles coletados remotamente, e alavancar o entendimento de décadas de estudos detalhados dos sistemas analógicos da Terra".