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28/08/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 28/08/2024 às 08:00
A reanálise da mandíbula de um hominínio chamado Australopithecus anamensis mostrou que esse indivíduo viveu há cerca de 4,3 milhões, o que o coloca como contemporâneo dos primeiros ancestrais humanos, ao invés de depois deles como se pensava anteriormente. A descoberta embaralha ainda mais a (já confusa) compreensão da evolução humana.
No artigo sobre a pesquisa, publicado na edição mais recente da revista Journal of Human Evolution, os autores explicam que o maxilar de Au. Anamensis foi desenterrado, em 2011, na região de East Turkana, no Quênia, um dos sítios arqueológicos e paleontológicos mais ricos do mundo.
Além de estender o seu intervalo temporal, a queixada do Au. anamensis o coloca em sobreposição temporal com fósseis de Ardipithecus ramidus, uma espécie de hominínio, provavelmente bípede, geralmente citado como um dos prováveis antepassados da espécie humana, o que introduz o conceito de "linhagem irmã" dos nossos ancestrais.
Os antropólogos dividem os hominínios antigos em três grupos, sendo o mais antigo deles conhecido como "basais", que foram sucedidos por um grupo de espécies chamadas Australopithecus. Entre estes, estão o Au. anamensis e o Au. afarensis, dos quais o exemplar mais conhecido é a Lucy, que pode ter antecedido as primeiras linhagens de Homo.
O primeiro hominínio basal a surgir no registro fóssil foi o Sahelanthropus tchadensis, que viveu entre seis a sete milhões de anos atrás no que é hoje o Chade. Depois, chegou o Orrorin tugenensis no Quênia, até que o Ardipithecus ramidus "desse as caras" na Etiópia entre 4,5 e 4,3 milhões de anos atrás.
Até agora, pensávamos que o Au. anamensis havia chegado muito tarde para ser considerado um hominínio basal, pois os antigos fósseis da espécie, encontrados no Quênia e na Etiópia, foram datados de 4,2 milhões de anos. Isso fez os especialistas acreditarem que a espécie surgiu depois do Ar. ramidus e poderia ter sido descendente deste hominínio supostamente bípede.
O estudo argumenta que, "embora o novo espécime seja apenas 100 mil anos mais velho do que as amostras do Au. anamensis do Quênia e da Etiópia, a extensão da sua primeira aparição [...] mostra que os primeiros australopithecus se sobrepuseram temporalmente aos hominínios basais sobreviventes no Plioceno Inferior".
Embora reconhecendo que suas conclusões "não são definitivas", os autores sugerem que o Ar. ramidus pode não ter sido afinal um ancestral do Au. anamensis, mas que este último pode ser considerado um "táxon irmão de hominínio intimamente relacionado" com os hominínios basais. Ou seja, não um ancestral direto nosso, mas muito próximo evolutivamente da linhagem que levou aos humanos atuais.