Artes/cultura
10/08/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 10/08/2024 às 12:00
Uma descoberta recente está chamando a atenção dos cientistas e pode representar um avanço significativo na luta contra as mudanças climáticas. Pesquisadores das universidades de Cambridge (Inglaterra) e Jaguelônica (Polônia) identificaram um tipo de madeira até então desconhecido, que pode ter um papel crucial na captura e armazenamento de carbono.
Esse tipo de madeira é encontrado em duas espécies de tulipeira, a Liriodendron tulipifera e a Liriodendron chinense, e se posiciona como uma categoria intermediária entre a madeira dura e a madeira macia.
Durante um estudo revolucionário, os cientistas utilizaram um avançado microscópio eletrônico de varredura criogênico (crio-SEM) para examinar a estrutura em nanoescala da madeira de 33 espécies diferentes, incluindo a tulipeira. A análise revelou que essas árvores têm uma estrutura de macrofibrilas — os filamentos principais na parede celular da madeira — que não se encaixa nas categorias tradicionais.
Enquanto a madeira dura possui macrofibrilas com cerca de 15 nanômetros de diâmetro e a madeira macia chega a 25 nanômetros, as tulipeiras apresentam macrofibrilas intermediárias, com cerca de 20 nanômetros.
Essa característica especial pode explicar por que as tulipeiras são tão eficazes no armazenamento de carbono. A teoria é que a estrutura única das macrofibrilas permite que essas árvores capturem e retenham mais carbono da atmosfera. Essa adaptação pode ter surgido há 30 a 50 milhões de anos, quando a concentração de dióxido de carbono na Terra diminuiu rapidamente.
A evolução das tulipeiras para se adaptarem a esse ambiente de baixa concentração de CO2 pode ter resultado na sua capacidade excepcional de sequestro de carbono.
A pesquisa foi conduzida em colaboração com o Jardim Botânico da Universidade de Cambridge. Os cientistas coletaram amostras frescas de madeira e as congelaram rapidamente para preservar sua estrutura natural, permitindo uma análise mais precisa e detalhada.
Esse método inovador possibilitou a observação das paredes celulares em seu estado hidratado, revelando detalhes que não seriam visíveis em amostras secas.
As implicações dessa descoberta são significativas. As tulipeiras, conhecidas por seu crescimento rápido e eficiência na captura de carbono, podem se tornar uma ferramenta valiosa em plantações de captura desse elemento.
A estrutura especial de sua madeira pode ser replicada em outras espécies, ampliando potencialmente a capacidade global de armazenamento de carbono e contribuindo para mitigar as mudanças climáticas. Inclusive, alguns países do leste asiático já estão explorando o uso de tulipeiras para esse fim, e os novos insights sobre sua madeira podem acelerar essa tendência.
Além disso, a pesquisa oferece novas perspectivas sobre a evolução das plantas e a diversidade das estruturas da madeira. A descoberta de que as tulipeiras possuem uma estrutura de madeira intermediária representa um avanço na nossa compreensão da biologia das plantas e das estratégias evolutivas que permitem a adaptação a diferentes condições ambientais.
Então, da próxima vez que você vir uma tulipeira, lembre-se de que, além de sua beleza, essa árvore pode ajudar a combater as mudanças climáticas com sua madeira eficiente em capturar carbono. Com mais estudos, seu potencial pode oferecer novas soluções para os desafios ambientais atuais.