Artes/cultura
09/08/2024 às 16:00•3 min de leituraAtualizado em 09/08/2024 às 16:00
No topo das montanhas, é sempre mais frio do que no nível do mar, mesmo estando mais perto do Sol. Isso pode parecer contraintuitivo, mas é a pura realidade. O fenômeno se deve a vários fatores atmosféricos e físicos que interagem de maneiras fascinantes. Para entender por que isso acontece, é essencial considerar a interação entre a radiação solar e a atmosfera terrestre, além da influência da pressão atmosférica em diferentes altitudes.
Para começar, a distância entre a Terra e o Sol é gigantesca – cerca de 150 milhões de quilômetros. Subir até o topo do Monte Everest, que está a aproximadamente 8.849 metros de altitude, não faz diferença significativa na proximidade em relação ao Sol. Em termos práticos, essa variação é insignificante quando comparada à imensidão do espaço.
Portanto, a ideia de que "estar mais próximo do Sol significa estar mais quente" não se aplica às altitudes das montanhas. Isso porque não é a mesma coisa que ocorre quando estamos próximos a uma fogueira ou uma lareira. Essa informação pode parecer estranha, mas logo você vai entender.
O calor que sentimos na Terra não vem diretamente do Sol na forma de calor, mas sim da radiação solar que atinge a superfície terrestre e é absorvida pelo solo, oceanos e vegetação. Essa energia é então reemitida como calor, aquecendo o ar próximo ao solo. Isso explica por que nos sentimos mais quentes ao nível do mar do que em altitudes elevadas.
À medida que subimos uma montanha, nos afastamos dessa superfície aquecida. O solo age como um grande aquecedor, absorvendo a radiação solar e liberando calor. Quanto mais alto você vai, mais distante fica desse "aquecedor". Vendo por esse lado, começa a fazer mais sentido, não é mesmo?
Mas se mesmo assim você estiver se questionando que o Sol toca também no topo de uma montanha, portanto deveria esquentar também, há algumas questões a serem levadas em conta.
Uma delas é que, em lugares muito altos, a neve frequentemente cobre o solo, a vegetação e a água. Essa camada branca de neve reflete a radiação solar de volta para o espaço, o que dificulta o aquecimento da superfície.
Além disso, no cume de uma montanha, o ar é muito menos denso, o que significa que há menos moléculas de ar para absorver e reter o calor. Por isso que a radiação passa muito mais fácil pelas regiões superiores da atmosfera.
Outro ponto crucial está na convecção. As correntes de convecção são um fenômeno que ocorre devido à movimentação do ar causada por diferenças térmicas e de densidade na atmosfera. Isso desempenha um papel fundamental na variação de temperatura em diferentes altitudes, como entre o nível do mar e o topo das montanhas.
Lembra que quando a radiação solar aquece a superfície do planeta, o ar próximo a essa superfície também se aquece? Pois bem, como esse ar quente é mais leve (menos denso), ele começa a subir. À medida que sobe, ele se expande, perde energia e esfria. Por outro lado, o ar frio, que é mais pesado, desce, sendo comprimido e aquecido novamente.
Esse ciclo contínuo de ar quente subindo e ar frio descendo ajuda a espalhar o calor pela superfície da Terra. No entanto, em altitudes mais altas, onde a pressão atmosférica é menor e o ar é mais fino, esse processo é menos eficiente.
Por isso, quanto mais alto você vai, mais frio fica. Esse efeito é tão significativo que a temperatura pode cair cerca de 1 °C a cada 100 metros de elevação.
Dessa maneira, embora pareça lógico pensar que estar mais perto do Sol significaria mais calor, a realidade é que outros fatores têm um papel muito mais significativo na determinação da temperatura nas altitudes mais elevadas.