Ciência
15/08/2014 às 10:48•2 min de leitura
Já faz algum tempo que a possibilidade de colonizar Marte vem sendo debatida por cientistas de diversas partes do mundo, e inclusive existem vários projetos nesse sentido que levam essa alternativa bem a sério. No entanto, se a ideia realmente é a de povoar o Planeta Vermelho, isso significa que os corajosos desbravadores que irão até lá terão que se reproduzir, evidentemente.
Segundo uma matéria publicada pelo Space.com, um trio de cientistas fez um estudo sobre os riscos oferecidos pela radiação à qual os astronautas seriam expostos em rota a Marte, e alertam que possíveis gravidezes devem ser evitadas. De acordo com o estudo, as partículas de energia que bombardeiam as espaçonaves certamente causariam diversos problemas aos fetos, portanto, dificultando o estabelecimento de uma colônia no Planeta Vermelho.
Uma das fontes de radiação são as tempestades solares, que lançam prótons energéticos por todo o Universo. A intensidade da ação dessas partículas pode ser reduzida através de algumas adaptações nas naves, que teriam que ser revestidas com alguns centímetros de um material específico para isso. No entanto, existe outra fonte mais perigosa e difícil de contornar: os raios cósmicos de origem galáctica.
Essas partículas são extremamente penetrantes, e passariam sem problemas através do revestimento metálico das espaçonaves. Conforme explicaram os cientistas, as células se dividem e passam pelo processo de diferenciação muito rapidamente durante a gestação, e a radiação ionizante pode danificar os genes que controlam o desenvolvimento dos embriões e o funcionamento de todas as células do organismo.
Dessa forma, a exposição a esse tipo de radiação pode afetar os óvulos de fetos de meninas tornando-as estéreis, por exemplo, além de danificar o DNA dos bebês e provocar diversas mutações. Os cientistas também alertaram que a exposição do feto às partículas pode resultar em retardo mental severo e outros problemas de desenvolvimento intelectual.
E não são apenas os embriões que correm riscos, pois a radiação também pode danificar e até destruir espermatozoides, esterilizando os colonizadores do sexo masculino ou provocando sérios problemas aos futuros descendentes. Contudo, caso os sistemas reprodutivos consigam passar pela viagem sem sofrer nenhuma alteração, uma vez no Planeta Vermelho a situação melhora sensivelmente.
Cratera Stickney em Fobos
A atmosfera de Marte seria capaz de absorver ou diminuir boa parte da radiação chegando ao planeta, e os colonizadores podem criar abrigos com uma camada extra de proteção. Neste caso, os cientistas sugerem o uso de regolito — que cobre o solo marciano — ou, ainda, que as colônias sejam instaladas em Fobos, a mais próxima e maior das luas do Planeta Vermelho.
Aliás, os pesquisadores apontaram a cratera Stickney de Fobos como sendo uma boa opção, já que ela fica voltada para Marte e conta com altos “paredões” que serviriam de proteção natural aos colonizadores. Além disso, o satélite fica posicionado de forma que o planeta bloquearia boa parte dos raios cósmicos atingindo a cratera, e isso, combinado às condições de seu interior, poderiam reduzir em até 90% a chegada de partículas em alguns locais da colônia.
Os cientistas admitem que a baixa gravidade em Fobos pode trazer alguns problemas, mas, se a intenção é estabelecer uma colônia em solo extraterrestre, a questão relacionada com a reprodução deve ser seriamente considerada.