Ciência
18/08/2022 às 04:00•2 min de leitura
Já é bem conhecida pela biologia a importância ecológica que algumas espécies possuem para a conservação e manutenção de determinados ecossistemas. As chamadas espécies-chave, são aquelas que ao serem removidas de um determinado ambiente, podem provocar um desequilíbrio enorme — e até mesmo acabar com outras várias espécies.
Um estudo publicado em 9 de agosto na revista BioScience destaca a importância de castores e lobos em diferentes territórios dos Estados Unidos. O estudo também sugere a reintrodução destas duas espécies em um plano de três etapas. O processo começa com o fim do pastoreio de gado nas áreas identificadas, devolvendo primeiramente os lobos cinzentos às florestas e, finalmente, adicionando castores americanos aos mesmos locais.
(Fonte: Gettyimages)
Em meados da década de 1990, lobos foram reintroduzidos no parque de Yellowstone. O impacto positivo dessa ação foi tamanho, que até mesmo a vegetação teve um crescimento natural com o tempo. Parte disso ocorre porque os lobos se estabeleceram como predadores de topo de cadeia naturais em seus respectivos ecossistemas. Eles ajudam a manter a saúde dos rebanhos selvagens, geram alimento para os animais carniceiros e evitam a superpopulação nas camadas inferiores da cadeia alimentar.
Porém, para que esse plano possa dar certo, é necessário impedir que os lobos dividam espaço com gado e regiões de fazenda. Em partes, foi a proteção do gado que impulsionou o declínio histórico do lobo cinzento e atualmente é o maior obstáculo para reintroduzi-los.
O estudo aponta que apenas 2% da carne produzida nos EUA é criada em terras públicas. A proposta dos autores tiraria cerca de 70 milhões de acres, ou cerca de um terço, das áreas federais arrendadas a fazendeiros a cada ano fora de comissão. É uma mudança lenta e gradual, mas importante para que grandes áreas possam ser recuperadas naturalmente.
(Fonte: Unsplash)
Os castores são animais famosos pelo seu impacto ambiental. Conhecidos como “engenheiros do ecossistema”, eles são capazes de represar córregos, criar pântanos e corpos d'água mais rasos e de movimento mais lento, que por sua vez se tornam espaços de vida e reprodução para várias outras espécies. Como os castores precisam de árvores e materiais lenhosos para a construção de suas represas, eles entrariam apenas na terceira fase do plano de conservação sugerido pelo estudo.
Mas, além desse impacto positivo para a biodiversidade, o estudo cita pesquisas que mostram que os ecossistemas criados pelos castores resistem melhor às secas e podem retardar ou até impedir incêndios florestais. Apenas isso já se mostra como uma justificativa econômica para a preservação desses animais, uma vez que reintroduzi-los seria mais barato que os gastos para controle e combate de incêndios.