Artes/cultura
07/04/2023 às 04:00•2 min de leitura
As mudanças climáticas aumentaram as taxas de “divórcio” entre os casais de albatrozes, de acordo com estudo publicado na The Royal Society. As aves são conhecidas por serem monogâmicas, com um parceiro sexual durante a vida toda, mas o aquecimento global aumenta o índice de fracasso reprodutivo, causando as separações.
“Os albatrozes têm grande longevidade, maturidade sexual tardia e baixa taxa de reprodução”, explica Caio Marques, gerente de pesquisa científica do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobrás. As espécies menores começam a se reproduzir a partir dos cinco anos, com a postura de apenas um ovo por ano, enquanto as espécies maiores começam aos 10 anos, com um ovo a cada dois anos.
Com o aumento da temperatura dos oceanos, as fêmeas têm mais dificuldade para eclodir os ovos. Segundo a pesquisa, quando isso acontece por cinco vezes, existe uma maior probabilidade de separação entre os casais de aves. Nas Ilhas Malvinas, a taxa de divórcio, que era menor que 1%, subiu para 8% recentemente.
Os albatrozes fazem ninhos em atóis e próximos a costa, locais altamente vulneráveis às mudanças climáticas. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
O processo reprodutivo dos albatrozes acontece em ilhas remotas, com pouca ou nenhuma presença humana, mas não estão imunes às mudanças climáticas. Os locais de reprodução são ameaçados pela elevação do nível do mar. Além disso, assim como os continentes, estão sofrendo com uma maior intensidade e frequência de tempestades.
Esses eventos colocam em riscos os ninhos dos albatrozes. Uma ilha usada pelas aves já desapareceu por conta das inundações e fortes ondas. Mesmo quando não há o desaparecimento do local, as fortes chuvas provocam alagamentos que inviabilizam os locais de reprodução e provocam a destruição de ovos e perda de filhotes.
Duas espécies de albatrozes que fazem ninhos em recifes no arquipélago do Hawaii estão quase ameaçadas de extinção. O albatroz-de-pés-negros (Phoebastria nigripes) e o albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis) entraram na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Os albatrozes se alimentam de peixes e crustáceos que ficam próximos à superfície do mar. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Além de dificuldades reprodutivas, os albatrozes enfrentam mais problemas para encontrar alimentos. O aquecimento do oceano diminui a disponibilização de peixes, obrigando as aves viajarem distâncias maiores para conseguir se alimentar. Isso aumenta o estresse dos animais, impactando na viabilidade da reprodução.
A presença de lixo no oceano, como ilhas de plástico, também tornam mais difíceis para que os albatrozes se alimentem. As aves podem pensar que os pedaços de plásticos são presas e os engolir acidentalmente. Uma vez ingerido, o plástico se acumula no sistema digestivo e pode causar obstruções, levando a uma morte lenta e dolorosa.
Os albatrozes são vítimas, ainda, da pesca acidental. Isso acontece porque as aves marinhas são atraídas pelas iscas usadas pelos pescadores, principalmente aquelas que são lançadas ao mar durante a pesca de atuns e peixes-espada. As aves ficam presas na linha de pesca e podem se afogar ou se ferir gravemente.