Artes/cultura
25/08/2023 às 09:00•2 min de leitura
Um estudo publicado recentemente no servidor de preprints arXiv, ainda não revisado por pares, simulou o dia a dia de eventuais colônias instaladas no planeta Marte. Para além dos desafios técnicos e de engenharia envolvidos, cientistas sociais computacionais da Universidade George Mason, nos EUA, analisaram os desafios psicológicos e as interações comportamentais dos futuros colonos.
Talvez o maior problema quando se planeja estabelecer um assentamento humano em Marte seja criar um habitat totalmente autossustentável. Os colonizadores terão algumas tarefas exaustivas dentro do inóspito cenário marciano, como extrair alguns minerais básicos e água, reabastecimentos periódicos da Terra e divisão da água marciana em oxigênio, para poder respirar.
Nesse sentido, os pesquisadores adotaram uma modelagem e simulação baseada em agentes (ABMS na sigla em inglês) com o objetivo de não só compreender as interações comportamentais e psicológicas entre os colonos, mas também estabelecer “um tamanho mínimo da população inicial suficiente para criar uma colônia estável”, diz o estudo.
(Fonte: GettyImages)
A ABMS funciona por meio da atribuição de características pessoais aos agentes, de forma parecida com o que fazemos no jogo The Sims. Em seguida, simula como serão os dias de trabalho dos colonos, e também as suas interações com os colegas de equipe. As habilidades demandadas são divididas em generalizáveis (conforme as circunstâncias e funções) e as exigidas de todos.
O artigo explica que “Cada agente recebe habilidades associadas às suas especialidades ocupacionais civis e militares, consistentes com a pesquisa de Fatores Humanos e Elementos de Desempenho Comportamental da NASA”.
As personalidades atribuídas aos agentes foram divididas em:
(Fonte: Getty Images)
Como no videogame, cada agente recebeu na simulação uma "barra de vida" que, esgotada, os "matava". Para substituir esses "mortos", o experimento simulou a reposição de novos colonos marcianos. As simulações foram realizadas em um período de 28 anos, com diferentes tipos de composição das colônias, variando entre 10 e 170 participantes.
Contrariando trabalhos anteriores publicadas, os autores do artigo atual concluíram que o número mínimo de pessoas capaz de sustentar uma colônia a longo prazo é 22. Esse número foi fixado em um cenário projetado de "fornecimento contínuo de energia nuclear e recursos iniciais suficientes de ar, água e comida, com reabastecimento adequado".
Quanto aos tipos de personalidade, o estudo aponta o Afável como o mais propenso a sobreviver na simulação. Já os classificados como Neuróticos foram os que mais sofreram durante a permanência na colônia. Analogamente, a vida coletiva melhorou muito à medida que as pessoas com esse tipo de personalidade "morreram", concluiu o estudo.