Ciência
17/01/2024 às 08:00•2 min de leitura
Há uma doença neurodegenerativa se espalhando entre alces e cervos na América do Norte ao longo de 2022 e 2023 e que ainda mantém as autoridades em alerta. Trata-se da Doença Debilitante Crônica (sigla CWD, em inglês), também conhecida como "doença dos cervos zumbis".
Um dos motivos pelos quais ela está gerando tanta preocupação: após infectado, o animal pode levar um período considerável, que pode se estender por meses, para começar a apresentar os sintomas, o que dificulta o diagnóstico.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Os animais infectados podem apresentar sintomas variados, como letargia e uma perda de peso bastante pronunciada. Os danos podem ocorrer em tecidos nervosos e no próprio cérebro, uma vez que o patógeno se hospeda no tecido cerebral daquele que infecta.
Isso é o que explica as mudanças comportamentais observadas nos animais, que ficam com o olhar vago e andar cambaleante, numa condição que irreversivelmente leva à morte. Trata-se de um cenário preocupante, uma vez que ainda existe o receio que a doença se propague entre diferentes espécies, incluindo os seres humanos — mas nenhum caso foi diagnosticado entre humanos até então.
A condição é provocada por príons, que são proteínas malformadas e, de forma comparável a dos vírus, são agentes patogênicos que podem se multiplicar em grande velocidade. Apesar de não ser capaz de replicar a si mesmo, quando em contato com outra proteína normal presente em uma célula, um príon consegue corrompê-la.
O contágio, por sua vez, pode ocorrer por meio do consumo de carne infectada. E apesar da constante busca por tratamento, ainda não se trata de uma doença que tenha cura ou vacina desenvolvida. Contato direto entre animais, ou mesmo indiretamente, a partir de partículas dos animais presentes no ambiente, também representam um grande perigo.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Para reduzir os riscos associados ao contágio, os centros de controle e prevenção de doenças estão definindo alguns protocolos voltados para os profissionais que eventualmente têm contato com esses animais, como caçadores.
Na busca de desacelerar a propagação da doença, está sendo reforçada a importância de não se aproximar de animais que apresentem qualquer comportamento estranho ou mesmo que estejam doentes. Os ambientes em que essas espécies foram contaminadas também estão sendo monitorados enquanto novos casos são contabilizados.
O diagnóstico, que ocorre apenas a partir da morte do animal, com a análise do cérebro, é outro ponto de alerta. Até o momento, os casos estão concentrados em 32 estados norte-americanos, mas 3 províncias do Canadá também já estão entre as afetadas.
Vale destacar ainda que os príons são capazes de persistir por anos em diferentes superfícies, ou mesmo na terra, o que dificulta a sua erradicação. Além disso, eles são resistentes a diversos compostos usados na limpeza de ambientes, como desinfetantes.