Ciência
02/09/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 02/09/2024 às 09:00
A corrida espacial é repleta de animais pioneiros que desbravaram os confins do espaço. Nomes como Laika, a cadela soviética, e Ham, o chimpanzé americano, são frequentemente lembrados por suas contribuições para a ciência. No entanto, poucos conhecem a história de Félicette, a primeira gata a ser lançada ao espaço, cuja missão, apesar de marcante, foi esquecida ao longo do tempo.
Durante as décadas de 1950 e 1960, o mundo estava imerso na corrida espacial, um período marcado por intensas disputas tecnológicas e científicas entre as superpotências da época. Os Estados Unidos e a União Soviética estavam empenhados em demonstrar sua supremacia tecnológica e científica, com a meta de enviar o primeiro ser humano ao espaço.
Nesse contexto competitivo, outros países buscaram fazer suas próprias contribuições à exploração espacial. A França, sob a liderança do Centre National d'Études Spatiales (CNES), iniciou seu programa espacial para compreender melhor os efeitos das viagens espaciais sobre organismos vivos, um passo fundamental antes de enviar seres humanos ao espaço.
Visando estudar as reações fisiológicas e neurológicas à ausência de gravidade e às condições extremas fora da Terra, os cientistas franceses selecionaram vários animais, incluindo um grupo de 14 gatos, entre os quais estava Félicette. Devido ao seu comportamento calmo e à sua capacidade de lidar com o rigoroso treinamento, Félicette foi escolhida para uma missão pioneira.
Em 18 de outubro de 1963, Félicette foi lançada ao espaço a bordo de um foguete Véronique AGI, em um marco significativo para o programa espacial francês. Durante a missão, o foguete alcançou um apogeu de 152 quilômetros e proporcionou a Félicette cinco minutos de ausência de peso.
Pequenos eletrodos implantados em seu cérebro transmitiram dados em tempo real sobre suas respostas neurológicas. Os cientistas observaram que Félicette permaneceu calma durante todo o voo, uma descoberta positiva que indicava que as condições do espaço não afetaram negativamente sua saúde.
Após o retorno bem-sucedido à Terra, Félicette foi saudada como uma heroína, e sua contribuição para a ciência foi significativa. No entanto, sua história rapidamente caiu no esquecimento. Dois meses após a missão, Félicette foi sacrificada para que seu cérebro pudesse ser estudado, uma prática comum na época.
A jornada da primeira gata no espaço contribuiu de forma notável para o avanço do conhecimento científico sobre os efeitos das viagens espaciais em organismos vivos. Embora a história de Félicette tenha sido esquecida por décadas, sua missão foi fundamental para a exploração espacial, e ajudou a solidificar a França como uma potência emergente.