Artes/cultura
17/04/2017 às 14:07•3 min de leitura
A figura de Jesus Cristo é bastante popular mesmo entre aqueles que não são religiosos. Entretanto, sua existência pode ser tanto um mito da Igreja para reafirmar seus valores quanto algo que realmente aconteceu. A resposta para isso, porém, depende apenas da sua fé. Agora, vários pesquisadores e religiosos tentam buscar evidências concretas da (possível) passagem de Cristo pela Terra. Será que tem como?
Um dos maiores entusiastas no assunto é o arqueólogo búlgaro Kasimir Popkonstantinov. Em 2010, ele descobriu uma caixinha que ele acredita conter os ossos de ninguém menos que São João Batista, um dos mais importantes santos da igreja cristã. Outra urna, encontrada ao lado desse relicário, continha a inscrição “Que Deus te salve, servo Tomé. Para São João”. A descoberta é importantíssima, já que João Batista foi um dos primeiros seguidores de Cristo e, além disso, era seu PRIMO. Logo, eles certamente compartilhavam características do DNA.
Popkonstantinov escavava os restos de uma igreja do século VI, na ilha de Sveti Ivan, no Mar Morto, que havia sido construída sobre uma basílica do século anterior. Ao vasculhar a área do altar, o pesquisador encontrou um pequeno relicário de mármore com os possíveis restos do santo. Durante o século V, as igrejas só eram consideradas sagradas se guardassem a relíquia de algum santo ou religioso fervoroso.
Kasimir Popkonstantinov mostra relicário que conteria ossos de São João Batista
O sequenciamento do código genético em fragmentos de ossos muito antigos ainda está começando a acontecer. Porém, mesmo que o DNA pudesse ser determinado no achado de Popkonstantinov, quem garante que o relicário pertenceu realmente a São João Batista? E como isso comprovaria a existência de Cristo?
Outro problema é que o DNA ideal necessitaria não ter tido contato com o de nenhuma outra pessoa – o de um osso enterrado no solo, por exemplo. No caso desse relicário, é muito provável que vestígios de quem manuseou os ossos para colocá-los na caixinha possam ter se misturado ao próprio DNA dos fragmentos ósseos, gerando dúvidas quanto a sua legitimidade.
Atualmente, é possível distinguir e retirar vestígios contaminantes, mas é bem mais difícil, principalmente porque o DNA se degrada com o tempo. Também é possível tentar mapear o genoma de dentro dos fragmentos ósseos, onde seria mais difícil uma influência de fatores externos.
Relicário foi achado em ruínas de igreja do século VI
A arqueologia está começando a usar o sequenciamento genético em seus estudos. George Busby, pesquisador e geneticista da Universidade de Oxford que acompanhou as buscas de Popkonstantinov, acredita que o DNA pode influenciar de duas maneiras: através da comparação dos DNA de diferentes relíquias e do rastreamento de suas origens geográficas.
Por exemplo: se outro artefato for encontrado como supostamente pertencente a São João Batista, seria possível comparar as duas amostras de DNA e ver se elas possuem semelhanças. O mesmo aconteceria caso fossem encontrados objetos que tivessem pertencido a Jesus Cristo, já que ambos eram primos.
Até agora, os ossos achados por Popkonstantinov foram datados com aproximadamente 2 mil anos através de carbono-14 – algo animador para a pesquisa. Já a análise de DNA se mostrou muito semelhante à dos habitantes atuais do Oriente Médio, indicando uma possível contaminação do material original.
Sequenciamento de DNA encontrado em relicário mostra uma possível contaminação por quem manuseou o artefato
Geneticistas já encontraram diversos traços diferentes de DNA no Santo Sudário, que supostamente cobriu Jesus Cristo após sua crucificação. Também está em processo de sequenciamento genético o material encontrado no ossuário de Tiago, que muita gente acredita ter guardado os ossos do irmão de Cristo.
Caso seja possível mapear todas essas amostras e compará-las futuramente, poderíamos, quem sabe, traçar um paralelo entre todas essas relíquias e também entre potenciais descendentes dessas pessoas. Além, é claro, de determinarmos o DNA da família de Cristo e, quem sabe, dele próprio! Resta-nos esperar para crer ver.
Ossuário de Tiago, que supostamente guardou os restos do irmão de Jesus
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