Estilo de vida
05/04/2023 às 11:00•2 min de leitura
No último dia 3 de março, o Governo Federal instituiu o Prêmio Luiz Gama de Direitos Humanos, fazendo referência ao escritor, jornalista, advogado e abolicionista Luiz Gama. Esta medida simbólica veio para revogar a "Ordem do Mérito Princesa Isabel", criada pelo governo anterior em dezembro de 2022.
Além disso, a premiação, que irá homenagear pessoas e ações notáveis a cada dois anos, tem o objetivo de enaltecer e tornar ainda mais conhecida a figura de um homem negro que possui um papel importantíssimo para a história do país.
Aprender a ler foi decisivo para que Luiz Gama lutasse por sua liberdade. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 21 de junho de 1830, em Salvador, na Bahia. Filho de Luiza Mahin, uma mulher negra de origem africana que teve papel ativo em insurreições de escravos ocorridas no período, e de um fidalgo português, oriundo de uma importante família, que vendeu o próprio Luiz Gama como escravo a um comerciante para pagar uma dívida de jogo, em 1840, no Rio de Janeiro.
Ter sido alfabetizado em 1847 foi um marco importante para Luiz Gama, que fugiu para São Paulo após completar 18 anos e também se alistou na Força Pública da Linha de São Paulo, onde ocupou o posto de cabo até 1854, quando foi dispensado em virtude de uma acusação de insubordinação. Acredita-se, no entanto, que ele apenas teria respondido a um insulto recebido.
Luiz Gama protagonizou a libertação de mais de 500 escravos. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)
Luiz Gama se casou com Claudina Fortunata Sampaio, com quem teve um filho, e em seguida tentou ingressar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, em 1850, onde enfrentou bastante hostilidade por parte da comunidade acadêmica. Apesar disso, Luiz permaneceu assistindo às aulas como ouvinte, o que lhe garantiu ter conhecimento o bastante para atuar na área jurídica, mesmo sem ter concluído o curso.
Na luta contra o racismo estrutural, o tráfico de humanos, e a favor da liberdade dos negros, Luiz usou todo seu conhecimento em benefício de outros escravos, tanto ao fornecer apoio a eles, quanto ao oferecer auxílio jurídico sem cobrar por isso. Luiz Gama também ficou famoso por expressar suas ideias com maestria. Assim, ele foi responsável por libertar mais de 500 escravos.
Ao longo de sua vida, Luiz Gama se consagrou como um dos expoentes da literatura, com poesias satíricas que espelhavam muito daquilo que ele observava na sociedade. Além disso, Luiz escreveu para alguns periódicos do período, expressando com convicção seus ideais. Em 1864, fundou o Diabo Coxo, um jornal humorístico ilustrado.
Luiz Gama assistiu às aulas do curso de direito como ouvinte. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)
Quando consideramos sua vida na totalidade, é indiscutível que se trata um dos nomes mais importantes na busca pelo fim da escravidão, consagrando-o como um dos grandes abolicionistas do país. Em 1882, ele faleceu em São Paulo, aos 52 anos.
Com o tempo, Luiz Gama passou a ser cada vez mais reconhecido por seus esforços. Em 2015, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), concedeu o título de advogado a Luiz Gama. A Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, hoje pertencente à Universidade de São Paulo (USP), também reconheceu a luta de Luiz Gama, gravando em uma das salas o seu nome, em 2017.
Em 2018, duas leis foram publicadas para homenagear sua figura: a Lei 13.629/2018 instituiu Luiz Gama como Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil e a Lei 13.628/2018, o consagrou como um dos heróis nacionais, com inscrição no Livro dos Heróis da Pátria.