Ciência
07/04/2023 às 11:00•2 min de leitura
Antes da chegada dos europeus ao Brasil, a região era chamada de Pindorama pelo povo Tupi, o primeiro grupo com quem os colonizadores tiveram contato. Em 1500, cerca de cinco milhões de pessoas, com milhares de etnias dividas em quatro grupos principais, viviam no território que viria a se transformar em colônia e, depois, em país.
Os Tupis tinham acabado de ocupar o litoral, o que fez com que manter relações de amizade e aliança com o grupo dominante se tornasse fundamental para os conquistadores europeus. As outras nações, como Jê, Aruaque e Caraíba, ocupavam o interior e tiveram um contato posterior com os colonizadores.
A maioria dos habitantes originários do Brasil não usavam a escrita e o conhecimento era transmitido de forma oral. Dessa forma, a maioria das informações sobre eles vem dos relatos dos viajantes europeus que estiveram por aqui na época, como Hans Staden e Jean de Lery, além de estudos arqueológicos e antropológicos.
Caça e pesca eram a principal fonte de alimentos, mas indígenas também praticavam a agricultura e cultivam a floresta. (Fonte: Jogos Mundiais Indígenas/Divulgação)
As diversas tribos do Brasil que tiveram os primeiros contatos com os europeus, como as nações Tupi e Guarani, sobreviviam através da caça, pesca, extrativismo e agricultura. Os indígenas moraram próximos aos rios navegáveis, que ofereciam terras férteis, e se fixavam por cerca de quatro anos em cada lugar.
As aldeias de Pindorama, que abrigavam entre 600 e 700 habitantes, eram formadas por ocas, habitações coletivas de dimensões variadas. A alimentação se baseava em farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne, e eles também fabricavam objetos, como cordas, cestos e redes, a partir das fibras e materiais encontrados na natureza.
O casamento era um importante instrumento de aliança entre tribos indígenas. A divisão sexual do trabalho era amplamente praticada, com os homens realizando tarefas de esforço físico intenso, como o preparo da terra e a caça, e as mulheres se dedicando a atividades como o cultivo, a tecelagem e a preparação de alimentos.
Descobertas arqueológicas mostram que civilizações indígenas eram mais complexas do que os europeus relataram na época. (Fonte: Iphan/Reprodução)
A região amazônica sempre foi vista como uma região pouco habitada, mas isso pode estar mudando graças às pesquisas arqueológicas recentes. As pesquisas encontraram ruínas de aldeias e estruturas multicêntricas que formavam cidades-jardim, nas quais a população poderia chegar a 50 mil pessoas, como nas cidades-estado da Grécia antiga.
Esses agrupamentos eram cercados com um muro feito com galhos e um fosso profundo e largo. A partir dessas mega-aldeias saiam estradas que funcionavam como conexão com outros centros. Os estudos indicam que os caminhos ligavam o litoral brasileiro até o Império Inca, permitindo um intenso comércio entre as nações indígenas.
As pesquisas também sugerem que boa parte da Amazônia pode ter sido obra do homem, não da natureza. A distribuição de frutas e do solo específico, a terra preta, indicam que houve uma ação humana intencional para cultivar a floresta. As próprias aldeias eram rodeadas de hortas e pomares, capazes de alimentar milhares de pessoas.
Para os primeiros habitantes do Brasil, todos os elementos da natureza têm uma força espiritual. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Os primeiros habitantes possuíam suas próprias crenças religiosas e práticas medicinais. A religião era animista, ou seja, acreditava que tudo na natureza possuía uma alma e era sagrado. Os indígenas veneravam divindades ligadas à natureza, como o sol, a lua, a chuva, os rios e os animais.
A medicina era baseada no conhecimento tradicional transmitido de geração em geração, e os xamãs eram responsáveis por usar plantas e outros elementos naturais para tratar doenças, além de fazerem orações e cantos em seus rituais de cura.