
Artes/cultura
24/03/2025 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 24/03/2025 às 18:00
Muita gente costuma se referir ao filho de Deus pelo epíteto "Jesus de Nazaré", ou "Jesus, o Nazareno". O termo indica que ele foi criado na cidade de Nazaré, na Galileia, no norte do atual Estado de Israel.
Mas isso pode nos levar à indagação: como eram os nazarenos na época de Jesus? E o que havia na cidade para o filho de Deus ser referido até hoje assim?
Se você for ler a Bíblia, vai notar que a associação de Jesus com a cidade de Nazaré é muito forte. Mas, pelo conhecemos pelo relato bíblico, essa não foi a sua cidade natal: ele nasceu em Belém. Ainda assim, é citado pelos evangelhos como “Jesus de Nazaré”, pois foi lá que ele viveu e cresceu com os pais.
De alguma forma, Nazaré ou Nazareno aparece no seu nome como uma indicação de localidade, tal como se referir a alguém como baiano ou paulista. Mas, de acordo com o portal Britannica, o grego original usava o termo com implicações religiosas em vez de geográficas. A palavra podia ser traduzida como "devoto", e os que estivessem dentro desse guarda-chuva estariam envolvidos com o judaísmo.
No livro Atos, 24, há uma primeira referência aos nazarenos como uma seita distinta. Lê-se lá: "ele é um líder da seita dos nazarenos e até tentou profanar o templo; então o prendemos". Ou seja, nos primeiros dias do cristianismo, os seguidores de Jesus podem ter sido chamados de nazarenos.
Dentro daquele contexto, o termo era pejorativo, já que os seguidores de Jesus eram ridicularizados de modo geral. Enquanto isso, os cristãos do Império Romano se autodenominavam "santos" ou seguidores do "Caminho". Logo "Nazareno" e "O Caminho" desapareceram da linguagem e "Cristão" se tornou o único jeito a se referir aos seguidores de Jesus.
Durante o século IV, provavelmente os nazarenos foram absorvidos em parte pelo judaísmo tradicional e em parte pelo cristianismo tradicional. Mas o nome "Nazareno" continuou existindo, e passou a se referir a uma sociedade de arte alemã que fazia parte do movimento romântico.
O grupo visava reviver a espiritualidade na arte, e recebeu esse nome como uma forma de escárnio, pois eles apresentavam publicamente com uma maneira bíblica de se vestir e usavam um mesmo estilo de cabelo.
O mais curioso é que esse movimento existe até hoje. A Igreja do Nazareno é atualmente uma denominação protestante e uma igreja evangélica metodista, com mais de 2 milhões de seguidores (segundo informação deles mesmos).
Em comum com outras vertentes das igrejas pentecostais, os nazarenos mantêm uma certa visão conservadora nos costumes, rejeitando as questões LGBTQIA+ e proibindo o uso de álcool ou cigarro. Por outro lado, eles estão abertos para aceitar o evolucionismo da ciência.