Maria Carolina, a princesa morta pelos nazistas em câmara de gás

03/07/2023 às 04:003 min de leitura

Esta é uma história triste sobre uma princesa que tinha raízes brasileiras. Maria Carolina de Saxe-Coburgo e Bragança, bisneta de Dom Pedro II, foi uma das vítimas da tragédia do holocausto, o genocídio que dizimou cerca de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Filha do príncipe Augusto Leopoldo de Saxe-Coburgo-Gota e da arquiduquesa Carolina da Áustria-Toscana, ela morreu tragicamente aos 42 anos, depois de ser enviada a uma câmara de gás pelos nazistas.

A história de Maria Carolina

(Fonte: Wikimedia)(Fonte: Wikimedia)

Maria Carolina nasceu em 1899, na cidade de Pula, localizada na Áustria-Hungria (onde atualmente é a Croácia). Ela era a terceira filha do casal e, assim como alguns de seus irmãos, apresentava algum tipo de deficiência mental — provavelmente, decorrente do fato de ter contraído poliomelite.

Com a morte do avô, Dom Pedro II, o pai de Maria Carolina, Augusto — que era nascido em Petrópolis — se mudou para Viena, onde conheceu e se casou com a arquiduquesa Carolina. Juntos, eles tiveram 8 filhos. Augusto sonhava em retornar ao Brasil, mas, por conta da Lei do Banimento, que impedia a família imperar de voltar ao país, ele nunca pode realizar este desejo.

Assim, seus descendentes nunca foram muito acompanhados pela imprensa brasileira, incluindo aqui Maria Carolina. Com a morte do patriarca, Carolina, sua esposa, mudou-se para Budapeste, na Hungria, junto da filha Leopoldina.

Maria Carolina foi então transferida para um hospital psiquiátrico em Schladming. Antes disso, ela havia residido em outras casas de repouso, incluindo um sanatório público.

Ocorre que, seis meses antes, a Áustria havia sido anexada à Alemanha. No dia 6 de junho de 1941, o centro em que ela morava, em Schladming, foi invadido por soldados alemães e austríacos. Por consequência, todos os pacientes lá presentes foram levados para o Castelo Hartheim — incluindo aqui a princesa.

Pesava sobre estas pessoas o fato de terem alguma deficiência. Conforme a historiadora Sabrina Ribeiro, "muitos pais, sob a ameaça de perder a custódia de seus filhos, foram pressionados a mandá-los para supostos asilos e hospitais psiquiátricos. Segundo as leis do regime nazista, pessoas 'suspeitas' de doenças hereditárias, ou ‘vidas indignas de serem vividas’, como diziam na época, deveriam ser exterminadas", declarou à BBC.

O "castelo da morte"

(Fonte: Wikimedia)(Fonte: Wikimedia)

Ou seja, os pacientes psiquiátricos foram enviados para morrer: Hartheim era tido como um dos seis centros de extermínio da época. Ao chegar lá, as pessoas tinham os dentes ou obturações de ouro marcados pelos guardas para serem extraídos depois de sua morte. Eles eram então exterminados por envenenamento a gás ou injeção letal.

A pesquisadora Esther Mucznik, presidente da Associação Memória e Ensino do Holocausto, explica que as pessoas com deficiências eram vistas pelos nazistas como uma das classes mais baixas. Consequentemente, este desprezo envolvia o que seria preservado em relação a eles. "Na hierarquia da memória, os deficientes físicos e mentais ocupam o último lugar. E ocupam o último lugar, não só pelo apagamento de vestígios, mas, porque, ao contrário de outras vítimas do Shoah, como judeus, ciganos e homossexuais, não tinham representantes ou porta-vozes", explicou para a BBC. 

Maria Carolina de Saxe-Coburgo e Bragança foi executada numa câmara de gás em 6 de junho de 1941 — o mesmo dia em que chegou em Hartheim. Ela foi assassinada em um lugar disfarçado de banheiro: ao invés de água, os chuveiros exalavam gás letal que vitimavam a pessoa em cerca de 20 minutos.

Calcula-se que por volta de 18,2 mil pacientes tenham sido assassinados em Hartheim — que, não por acaso, recebeu o apelido de "Castelo da Morte". Os parentes de Maria Carolina foram avisados do óbito, mas foi alegado que ela teria morrido de pneumonia ou tuberculose.

Contudo, sua história foi recuperada e registrada anos depois, assim como as de várias outras pessoas que foram chacinadas pelos nazistas. Ela está representada em uma das "pedras de tropeço", um memorial descentralizado presente em 26 países. Tratam-se de placas de bronze instaladas na calçada diante do último endereço em que a vítima residiu. 

Na placa de Maria Carolina, lê-se a inscrição "Aktion T4" — referência ao endereço da sede da Fundação de Caridade para Cuidados Institucionais, em Berlim, na Alemanha. Contudo, o termo "Ação T4" é usado como um eufemismo para se referir à ideia da "eutanásia nazista" — que, de fato, era uma política de extermínio em massa de doentes mentais.

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