Ciência
26/09/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 26/09/2024 às 09:00
Nos labirintos da antiga cidade egípcia de Amarna, uma descoberta tem desafiado as percepções tradicionais sobre a moda e os rituais dos antigos egípcios. Arqueólogos encontraram duas lápides com indivíduos que usavam um objeto cônico adornando a cabeça, como se fossem chapéus. Estes "chapéus de cone" não só surgem como um adorno misterioso, mas também podem estar ligados a práticas culturais que transcendem o mero estilo.
Os cones de cabeça, descritos como adornos em forma de cone, eram usados por egípcios há cerca de 3.300 anos. Antes da descoberta recente, a existência desses chapéus se limitava às representações artísticas, com pinturas e esculturas mostrando homens e mulheres ostentando esses adornos em banquetes, caçadas e outros eventos.
A grande surpresa veio em 2019, quando arqueólogos desenterraram dois cones em Amarna, oferecendo uma prova concreta de sua existência e revelando que esses chapéus eram feitos de cera de abelha. Essa descoberta indicou que os "chapéus cônicos" não eram meros itens decorativos, mas sim objetos com um propósito específico.
Antes, é preciso entender que as representações artísticas antigas associam os cones à sensualidade e à sexualidade, muitas vezes vinculando-os a figuras femininas e até mesmo a deidades como Hathor, a deusa da fertilidade.
Por isso, a presença desses objetos cônicos em diversas representações de atividades cotidianas e rituais levanta a hipótese de que eles poderiam ter um papel significativo em rituais de fertilidade e práticas de sensualidade.
O fato que os cones eram frequentemente adornados com elementos que evocam a sensualidade sugere que, para os antigos egípcios, estes chapéus poderiam ter uma conexão simbólica muito maior dentro do universo da sexualidade.
Por mais que essas perspectivas tenham sido levadas em consideração, a verdade é que a função exata desses cones permanece um mistério.
Algumas teorias sugerem que os cones poderiam ter sido preenchidos com bálsamos ou unguentos aromáticos, que ao derreterem liberavam um perfume agradável. Essa ideia se alinha com a noção de que os cones tinham um papel no ritual de unção, possivelmente associados a práticas funerárias, mostrando que esses chapéus teriam um significado espiritual ou ritualístico importante, não apenas na vida, mas também na morte.
A descoberta dos cones de cabeça em Amarna, uma cidade construída pelo faraó Akhenaton, é particularmente significativa, pois a cidade era um local vibrante e cosmopolita, e os cones encontrados lá estavam associados a indivíduos de classes sociais menos elevadas. Isso sugere que o uso dos cones poderia estar disseminado entre diferentes camadas da sociedade, e não restrito apenas aos ricos ou poderosos.
De qual modo, enquanto os arqueólogos investigam os chapéus cônicos, fica claro que esses adornos oferecem uma visão valiosa da vida cotidiana e das crenças espirituais dos antigos egípcios. A conexão entre sensualidade, fertilidade e rituais revela como moda e simbolismo se entrelaçavam na Antiguidade, refletindo uma rica tapeçaria de tradições que continuam a fascinar estudiosos e curiosos.