Artes/cultura
19/09/2016 às 06:40•3 min de leitura
Há cerca de um mês, um grupo de astrônomos do European Southern Observatory — ESO ou Observatório Europeu do Sul — anunciou a descoberta do exoplaneta mais próximo da Terra de que se tem notícia. Batizado de Proxima b, o astro orbita ao redor de uma estrela-anã vermelha chamada Proxima Centauri que se encontra na Constelação de Centauro e está a apenas 4,25 anos-luz de distância de nós.
Os cientistas acreditam que o Proxima b seja um planeta rochoso e tenha dimensões semelhantes às da Terra. Além disso, os astrônomos calculam que o exoplaneta orbita sua estrela no que eles chamam de zona habitável, ou seja, a uma distância que permite que a água na forma líquida possa existir em sua superfície. Isso significa que o Proxima b poderia, potencialmente, abrigar formas de vida.
De acordo com Dave Mosher, do portal Business Insider, infelizmente, não existe nenhum telescópio aqui na Terra ou enviado por nós ao espaço com capacidade tecnológica para clicar uma imagem detalhada do Proxima b. Tudo o que os astrônomos sabem a respeito dele até agora foi deduzido a partir de observações de como a gravidade do exoplaneta interfere na estrela e como a luz emitida por ela varia cada vez que ocorre um trânsito.
A suspeita é de que o Proxima b apresente rotação sincronizada com sua estrela
Entretanto, os cientistas conseguiram descobrir, por exemplo, que cada ano no Proxima b dura 11,2 dias — que é o tempo que ele leva para completar uma órbita ao redor de sua estrela. Além do mais, os astrônomos estimaram que o exoplaneta se encontra bem pertinho de seu sol, mais precisamente a cerca de 6 milhões de quilômetros de Proxima Centauri, ou o equivalente a mais ou menos 17 vezes a distância que existe entre a Terra e a Lua.
Essa proximidade toda significa que os pores do sol em Proxima b devem ser espetaculares, mas, tirando a vista, isso não é algo bom. Isso porque, apesar de Proxima Centauri ser uma anã vermelha, o que quer dizer que ela é menos brilhante e emite bem menos calor do que o nosso Sol, ao estar tão perto, existe uma forte possibilidade de que o exoplaneta tenha rotação sincronizada.
O problema com esse tipo de rotação é que o período orbital do planeta é igual ao de rotação e, portando, é sempre a mesma face que fica voltada para a sua estrela. Sendo assim, enquanto um dos “lados” recebe tanto luz como calor permanentemente, o outro se vê condenado a existir em perpétua escuridão e frio. Porém...
Segundo David, uma dupla de astrônomos da Universidade de Harvard, nos EUA, acredita que, se o Proxima b contar com uma atmosfera substancial, ela não só faria com que o calor pudesse circular da face que fica voltada para a estrela para a outra face, mas evitaria que a água de sua superfície evaporasse e se perdesse no espaço.
Afinal, aqui no nosso planeta, pelo menos um terço do calor é redistribuído graças à movimentação oceânica e à ação da atmosfera, então quem sabe o exoplaneta não conta com um sistema parecido? Contudo, como vamos descobrir se o Proxima b possui uma camada atmosférica se, conforme explicamos anteriormente, não dispomos de meios tecnológicos para ir até lá e fotografar o astro?
Seria ele um mundo árido e sem vida ou com potencial para abrigar formas de vida?
Os astrônomos esperam contar com uma ajudinha do telescópio JWST (James Webb Space Telescope) da NASA, com lançamento previsto para 2018. Através de dados coletados pelo equipamento, os cientistas poderiam cofirmar se o Proxima b possui ou não uma atmosfera — e bastaria um único dia de observações para determinar se o exoplaneta é um local árido e completamente estéril ou não.
Conforme explicaram, quando um planeta rochoso é aquecido por sua estrela, ele absorve os raios solares e emite essa energia na forma de luz na faixa do infravermelho. Assim, o que os astrônomos pretendem fazer é detectar comprimentos de onda específicos e acompanhar as variações de temperatura no planeta ao longo do dia.
Será que ele tem atmosfera?
Se as leituras revelarem que a face escura do planeta não é tão fria como deveria, isso indicaria a existência de uma atmosfera — e, potencialmente, das condições necessárias para a existência de vida. Ademais, as observações também serviriam para que os astrônomos pudessem deduzir o que rola em outros sistemas solares da Via Láctea, já que as anãs vermelhas são as estrelas mais comuns da galáxia.