Ciência
11/04/2017 às 12:15•2 min de leitura
Quem curte idiomas vai concordar: por mais que a gente estude, sempre aparece uma novidade, um detalhe que passou despercebido, outro contexto de uso das palavras e expressões... Enfim, cada língua está inserida em diferentes culturas, e isso influencia tudo, até mesmo um tópico que muitos poderiam considerar um tanto quanto “universal”, digamos: as cores.
Vale ressaltar, a propósito, que são muitas as curiosidades envolvendo elas; nós aqui do Mega já publicamos algumas, inclusive, como a história de uma moça tetracromata, uma lista de cores das quais você não deve ter ouvido falar e até um pouco sobre as diferenças entre a percepção das cores por homens e mulheres. Isso sem falar naquelas famosas tretas para saber a cor real do vestido ou das pílulas.
A novidade da vez é quanto a denominações de cores no japonês; pesquisadores descobriram que por lá existe um nome específico para o azul-claro, esse da foto do início desta matéria: mizu — conhecido popularmente no Brasil como “azul-calcinha”! Isso significa que, pelo fato de a cor ser percebida como tão única quanto o vermelho, por exemplo, a língua refletiria isso.
Os especialistas pediram que 57 indivíduos falantes nativos do japonês observassem cores em cartões e dissessem o nome delas. Eles chegaram, então, a algumas categorias de cores, conforme o gráfico abaixo.
O tamanho das colunas é proporcional à quantidade de pessoas que descreveram a cor usando a palavra
Várias dessas cores são equivalentes ao que se encontra no português: preto, branco, cinza, vermelho, amarelo, verde, azul, rosa, laranja, marrom e roxo. No entanto, outras são mais específicas e vistas como únicas, e não apenas variações (no sentido linguístico, é claro). É o caso de mizu (azul-claro, “azul-calcinha”), hada (tom de pele, pêssego), kon (azul-escuro), matcha (cor do chá verde), enji (bordô), oudo (mostarda) e yamabuki (ouro, nome de uma flor).
No meio disso tudo, mizu se destacou como uma cor distinta. Isso porque, embora nem todas as pessoas do estudo tenham identificado azul-escuro como kon, o termo mizu foi quase universalmente utilizado para descrever aquela nuance específica. Em virtude dessa constatação, os pesquisadores sugerem que ela seja reconhecida como a 12ª categoria de cores do léxico japonês, ao lado das demais já padronizadas: vermelho, azul, verde etc.
Vale ressaltar, no entanto, que esses achados não necessariamente significam que o japonês se importe mais com diferenças de cores do que outros idiomas; afinal, não há um termo para designar o tom que chamamos aqui de magenta, por exemplo.
A optometrista Angela Brown explica que “o estudo da designação de cores é basicamente o estudo de como as palavras são associadas a coisas — todas as coisas que existem, de xícaras a amor” e alerta: “visualmente, é possível discernir milhões de cores, mas as pessoas só descrevem um número limitado delas, e isso ainda depende do meio em que vivem e da variedade de cores que fazem parte da vida cotidiana”.
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