Ciência
27/12/2016 às 13:02•3 min de leitura
Os astecas costumavam sacrificar os inimigos capturados em guerras como forma de oferenda aos deuses. Entretanto, não existiam tantas guerras naquela época, então era preciso improvisar. Uma das formas de isso acontecer era lutando entre si, através de guerras de mentirinha, apenas para capturar os derrotados e sacrificá-los.
Muitos astecas viam os sacrifícios como uma honra, por isso os mais corajosos se voluntariavam para a morte. Grupos de prostitutas, por exemplo, se prontificavam a morrer para homenagear a deusa do amor.
Os meses astecas tinham 20 dias, e o quinto deles era chamado de Toxcatl. Nesse período, um homem era escolhido para ganhar diversas honrarias e precisava ser magro, ter a pela lisa e cabelos longos. Durante 1 ano inteiro, ele era tratado com regalias e precisava se vestir igual ao deus Tezcatlipoca.
Ao final desse período, o “sortudo” subia as escadas de uma grande pirâmide e deitava sobre um altar de pedra, no qual um sacerdote arrancava o seu coração. Antes disso, porém, o homem poderia desposar de 4 mulheres e viver no bem bom sem se preocupar com mais nada.
Muitos dos sacrifícios seguiam uma mesma cartilha: a vítima deitava sobre um altar de pedra no alto de uma pirâmide enquanto um padre cortava o seu peito com uma lâmina vulcânica e arrancava o seu coração ainda enquanto estivesse batendo. Uma multidão acompanha a cena na base da pirâmide.
O coração era, então, esmagado na pedra do altar, e o corpo do sacrificado era jogado pelas escadas abaixo. Um açougueiro desmembrava a pessoa e cozinhava a sua carne, servindo-a aos membros da nobreza. Só restava o crânio, que era depositados junto aos outros sacrificados.
A carne das vítimas servia como ingrediente para uma espécie de sopa, que também levava outros ingredientes, como o milho. Ela era servida aos nobres e sacerdotes, mas, em épocas com muitos sacrifícios, podiam ser entregues a toda população. Já os ossos viravam instrumentos musicais, armas e ferramentas.
O cozido, chamado de pozole, resiste até os dias de hoje. Entretanto, atualmente ele é feito com carne de porco e não mais com as coxas dos sacrificados. As pessoas garantem que o sabor é o mesmo. Essa mudança foi imposta pelos colonizadores cristãos, mas os astecas aprovaram o sabor.
Quando a pirâmide de Tenochtitlan foi terminada, no ano de 1487, um gigantesco ritual de sacrifício foi preparado pelos astecas. Acredita-se que tenham sido sacrificadas mais de 84 mil pessoas em apenas 4 dias! O número é exorbitante, já que, em média, os astecas matavam 250 mil pessoas por ano em seus rituais.
O Tlacaxipehualiztli era um festival asteca pra lá de bizarro: durante 40 dias antes da festa, um homem se vestia com penas vermelhas e joias de ouro para homenagear o deus Xipe Totec, que significa algo como “Aquele que Voa”. No dia da cerimônia, esse homem era esfolado pelos sacerdotes, que depois tingiam a pele retirada com uma tinta amarela para se parecer o ouro. Então, havia uma dança na qual os religiosos usavam essas peles como tapete.
Durante o Festival do Esfolamento Humano, os futuros sacrificados ainda podiam lutar por suas vidas em um duelo semelhante ao dos gladiadores romanos. Armado de um pequeno pedaço de madeira, eles deveriam enfrentar os maiores guerreiros astecas do momento, que chegavam à arena armados até os dentes.
Parece impossível sobreviver, mas reza a lenda que um homem chamado Tlahuicol realmente conseguiu matar todos os seus combatentes. Devido ao ineditismo do fato, os astecas resolveram nomeá-lo comandante do exército, mas Tlahuicol recusou já que seu destino era ser oferenda dos deuses.
Os gêmeos estavam nas histórias mais antigas dos astecas, sempre vistos como assassinos de monstros, heróis e até criadores do mundo. Porém, no dia a dia eles não eram bem vistos: acreditava-se que gêmeos eram uma criança com deformidades. O deus Xolotl representava tanto as crianças especiais quanto os gêmeos e recebia o sacrifício de um dos irmãos escolhido pelos pais.
Na capital asteca, Tenochtitlan, haviam templos gêmeos. Um deles era dedicado ao deus da chuva e dos trovões, Tlaloc, que exigia o sacrifício de crianças. No final do inverno, os astecas levavam várias crianças até o topo desse templo. Assustadas, elas deveriam chorar já que isso significaria que Tlaloc abençoaria a cidade com bastante chuva. Caso não chorassem, os adultos as surravam até arrancar suas lágrimas.