
Ciência
04/05/2012 às 13:33•3 min de leitura
Louis Vuitton: sucesso em vendas na China. Fonte: Divulgação
A fama de ser o endereço das maiores empresas falsificadoras de produtos de luxo do mundo rendeu à China não apenas a dúvida sobre a qualidade de seus artigos. O país, que promete ser uma das principais potências econômicas nos próximos anos, não consegue lançar suas próprias marcas sofisticadas, tornando-se uma das maiores importadoras de artigos das grifes francesas e italianas, como Louis Vuitton e Gucci.
Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Co., publicada em abril na CNN Money, revelou que o crescimento da economia chinesa pode ter diminuído, mas o mesmo não se aplica aos consumidores. Os milionários do país estão investindo cada vez mais nos produtos de luxo, o que está chamando a atenção dos empresários do setor.
Hoje, ao que tudo indica, a China vai superar o Japão e se tornar a maior consumidora mundial dos itens sofisticados, de acordo com o levantamento. A McKinsey & Co. estima que esse tipo de venda deve crescer 18% ao ano na região até 2015, atingindo a marca de 15 milhões de dólares até lá.
São estes gastos da população que têm feito com que o PIB chinês se eleve e prometem beneficiar as grandes grifes internacionais. E elas sabem disso.
Dados recentes divulgados em 2011 pela Forbes apontou outro fator que deve favorecer ainda mais o sucesso dos produtos de luxo em território chinês. A má reputação construída pelo país ao longo dos anos fez com que a etiqueta “Made in China” ganhasse uma conotação negativa que não combina com o mercado sofisticado. Assim, tornou-se natural que ela se tornasse consumidora e não produtora de luxo.
Inauguração da loja da Cartier em Hong Kong. Fonte: Getty Images
É claro que várias empresas locais têm tentado entrar nesse ramo. De um lado, conforme informou a Forbes, há a facilidade do baixo custo de produção dos itens em território chinês. Mas, em contrapartida, superar os preconceitos em relação aos produtos não tem sido tarefa fácil.
Além disso, os empresários ainda precisam lutar contra o fascínio que as coleções das maisons francesas e italianas exercem sobre os consumidores asiáticos, que consideram ter a última bolsa da Gucci ou o Rolex recém-lançado um sinal de status a que poucos milionários conseguem resistir. Como explica a revista americana, é uma maneira de mostrar ao mundo que eles são ricos e que podem gastar em excesso. E os produtos chineses, por mais luxuosos que sejam, não possuem esse mesmo conceito no imaginário local.
O luxo não vive sem a China
Fonte: Getty Images
Nesse contexto, as grifes internacionais estão vendo o seu faturamento crescer graças aos milionários chineses. Um exemplo é a Moët Hennessy Louis Vuitton, que reúne em seu portfólio mais de 60 marcas de luxo, como Marc Jacobs e Sephora.
Ela registrou um aumento de 25% nas vendas no primeiro semestre, segundo a CNN Money, graças à China. Não é à toa que a orientação é que todas as grifes do grupo voltem seu foco ao país, o que tem feito com que várias boutiques da Louis Vuitton se espalhem pelas cidades chinesas.
Assim, hoje, a região é a responsável por mais de 30% da receita global acumulada pela LVMH.
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Seguindo de perto o sucesso da Louis Vuitton, a Chanel e a Gucci, que fazem parte da empresa PPR, são outras grifes bastante desejadas entre os chineses, de acordo com uma pesquisa realizada pela Bain & Co. e também divulgada pela CNN Money.
O grupo detentor da Gucci arrecadou mais de 12 bilhões de euros no ano passado com a ajuda das vendas no mercado asiático, o que significou um crescimento de 11% quando comparado aos números de 2010. Por isso, a tendência é que o foco da PPR também se volte às cidades chinesas.
A joalheira Cartier, representada pela Compagnie Financière Richemont, também tem comemorado a sua presença no mercado chinês. Entre 2006 e 2011, segundo a CNN Money, as vendas da marca na região mais do que triplicaram. E, segundo o CEO do grupo, Bernard Fornas, eles nem sequer chegaram perto do potencial de compras de muitas cidades asiáticas.
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A Prada é outra grife de luxo que hoje investe na China para ver o faturamento crescer. O resultado tem sido positivo: a Ásia (sem contabilizar o Japão) proporcionou um aumento de 42% das vendas da empresa em 2011, além de um quarto das novas lojas da empresa estar localizado por lá.
Outras grifes que têm apostado no potencial de consumo da China são a Hermès e a Burberry. Isso porque a primeira registrou um aumento de 30% nas vendas da Ásia, enquanto no resto do mundo o índice foi menor. Isso motivou que a marca francesa abrisse seis novas lojas na região.
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Já a Burberry acumulou um faturamento de 1 bilhão de libras entre os meses de outubro de 2011 e março de 2012 graças ao crescimento de 18% nas vendas. E o gigante chinês é o grande responsável pelo sucesso, já que a região somou 390 milhões de libras à receita.
Loja chinesa da Burberry. Fonte: Getty Images
E a expectativa é de que as notícias vindas da China continuem a ser animadoras para as marcas de luxo. Afinal, independente de como anda a economia, sempre haverá aqueles dispostos a gastar suas pequenas fortunas para ter a sofisticação em suas mãos.