Ciência
31/03/2016 às 11:01•3 min de leitura
O imperador asteca Montezuma, que governou entre 1502 e 1520, era extremamente poderoso e, por isso, achou que seria legal ter um jardim zoológico com a exposição de humanos. O local, que ficava onde, atualmente, é a Cidade do México, exibia pessoas com anomalias genéticas ou de aparência diferente. Podemos considerar que Montezuma criou o primeiro “freak show”.
O imperador asteca Montezuma
Se Montezuma foi o primeiro a criar um freak show, antes dele já existiam muitos exploradores que usavam os nativos como atração. A História nunca é tão bonita quanto a contada em livros, e nós jamais saberemos exatamente o que os nativos americanos passaram nas mãos de navegadores como Cristóvão Colombo.
Centenas de nativos morreram para entreter algumas pessoas
Além de realizar várias expedições para roubar grandes quantidades de ouro do povo e das ilhas, ele também sequestrava diversos moradores e os exibia para saciar a curiosidade dos europeus. Centenas de nativos morreram para entreter algumas pessoas.
Se você pensa que esses abusos aconteciam apenas há centenas de anos, saiba que, infelizmente, essa é uma prática comum em algumas partes do mundo e existem pessoas dispostas a pagar muito dinheiro para participar da exploração de povos nativos.
Jarawa, das Ilhas Andamão, na Índia
Um exemplo são os jarawa, que vivem nas Ilhas Andamão, na Índia. Sem contato com outros povos e seus costumes, foram criadas leis para proteger a segurança e a integridade dos jarawa, mas só na teoria: muitos empresários buscam lucro oferecendo verdadeiros safaris que, em sua rota, utilizam esse povo como atração do show.
Aos 23 anos, Ota Benga já tinha passado por mais tragédias do que qualquer um possa imaginar: viúvo duas vezes, ele escapou de um massacre, foi escravizado e passou boa parte de sua vida sendo tratado como um animal.
Levado para Nova York por Samuel Phillips Verner, Ota foi colocado em um zoológico junto aos macacos. Apesar de muitas pessoas irem ao local vê-lo em exposição, o assunto percorreu o país de maneira negativa, o que fez com que os tratadores do local o libertassem. Nervoso e acuado, Ota acabou por ameaçar um funcionário local com uma faca e feriu alguns dos visitantes com o seu arco e flecha.
O pigmeu Ota Benga, levado aos 23 anos para os Estados Unidos
Ota ainda conseguiu uma nova oportunidade em outro lugar, mas todas as tragédias em sua história fizeram com que ele tirasse a própria vida com uma pistola.
No século 19, a visita do médico britânico William Dunlop à África mudou para sempre a vida de uma moradora local. William convenceu Saartjie a se juntar a ele e, assim que foram para a Europa, ele logo tornou evidente o seu objetivo: usar suas caracterizas únicas para colocá-la em exposição.
Saartjie tinha uma condição rara conhecida como “esteatopigia"
Seu nome foi mudado para Sarah Baartman e, durante 11 horas diárias, ela ficava nua em exposição. Saartjie tinha uma condição rara conhecida como “esteatopigia”, que consistem em um grande acúmulo de gordura na região das nádegas. Além das condições degradantes, ela chegou a ser chamada de “elo perdido” por cientistas que não a consideravam sequer humana.
Para relembrar a tragédia vivida por centenas de pessoas, em 2014, um grupo de artistas noruegueses decidiu reproduzir um histórico zoológico humano que estava em atividade em 1914. Desta forma, eles levaram 80 homens e mulheres negros para encenar um passado sombrio e que muitas vezes é ignorado pelo país.
Em Edimburgo, na Escócia, uma exposição chamada “Plano B” também mostrou as diferentes formas como os negros foram explorados e exibidos para plateias europeias. A ação, que para muitos foi considerada polêmica e controversa, foi defendida pelos atores, que queriam chocar para fazer com que as pessoas pensassem e debatessem o assunto.
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