
Ciência
26/03/2025 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 26/03/2025 às 18:00
O Rio Amazonas, conhecido mundialmente por sua grandiosidade e importância ecológica, não é o único grande fluxo de água que serpenteia pela região amazônica. Sob os pés da floresta, em profundidades inimagináveis, existe um "rio", que, embora diferente do que conhecemos, possui uma magnitude impressionante.
O chamado Rio Hamza, localizado a 4 mil metros abaixo da superfície, vem gerando grande interesse entre cientistas e, até mesmo, uma boa dose de mistério. Como ele se comporta? O que ele revela sobre a geografia e os processos da região? E, mais importante, qual o impacto que essa descoberta pode ter na compreensão dos recursos naturais da Amazônia?
Em 2011, cientistas se depararam com uma descoberta fascinante enquanto analisavam dados coletados de poços perfurados pela Petrobras nas décadas de 70 e 80. Esses poços foram originalmente cavados em busca de petróleo, mas, ao reavaliá-los, a equipe liderada pelos pesquisadores Elizabeth Tavares Pimentel e Valiya Hamza encontrou indícios de um imenso corpo de água subterrânea.
Batizado de Rio Hamza em homenagem ao líder da pesquisa, o fluxo é imenso em comprimento, rivalizando com o Amazonas, com seus 6 mil km de extensão. No entanto, o Hamza se destaca pela sua largura impressionante — maior que a do Amazonas —, variando entre 200 e 400 km.
Embora tenha um curso muito mais largo, sua água se move muito lentamente, a uma taxa de apenas 1 milímetro por hora, bem diferente do Amazonas, que flui a 5 metros por segundo.
Apesar de ser chamado de "rio", o Hamza não se comporta como um rio convencional, assim como os rios voadores, que desempenham papéis essenciais no ecossistema amazônico.
Seu fluxo de água é extremamente lento, movendo-se através de rochas porosas de maneira tão vagarosa que não pode ser considerado como um rio no sentido técnico da palavra. Além disso, as águas do Hamza são salgadas, o que levanta novas questões sobre como se comporta em grandes profundidades, longe da superfície.
O que torna essa descoberta ainda mais fascinante é que a água do Hamza segue o mesmo fluxo que o Amazonas — de oeste para leste — e se estende para o Oceano Atlântico, embora de maneira subterrânea.
Além de ampliar nossa compreensão sobre os sistemas hidroviários brasileiros, a descoberta nos mostra que a natureza é cheia de complexidades que ainda não conseguimos explorar totalmente. Se o Amazonas é a artéria visível da floresta, o Rio Hamza é seu fluxo invisível, revelando uma faceta da Amazônia que poucos imaginavam existir.