Artes/cultura
12/04/2022 às 13:00•2 min de leitura
A afinidade com a matemática costuma ser questionada ao longo da vida, ao ponto de muitos de nós desenvolvermos traumas com o estudo da disciplina. Contudo, pesquisadores estão empenhados em estudos para desmistificar a ideia de que não nascemos para os números.
Especialistas apontam que uma das razões prováveis para esse temor com a matemática pode estar na maneira como ela é ensinada. Em entrevista à BBC, Jo Boaler, autora de uma pesquisa sobre o tema na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirmou que a disciplina é dada aos alunos de uma maneira chata, o que causaria o afastamento das pessoas.
(Fonte: Pexels)
Um dos pontos destacados na pesquisa conduzida por Jo Boaler e exposto em seu livro Mente Sem Barreiras (Penso, 2019; 228 páginas), o uso de métodos criativos é visto por vários especialistas como preponderante ao ensino moderno da matemática.
Isso porque o acréscimo de desenhos, cubos e objetos coloridos, além do incentivo ao trabalho criativo em equipe, facilita a assimilação do conteúdo. E Boaler vai além: para a pesquisadora, os erros que alunos cometem durante o aprendizado devem ser exaltados e não condenados.
De acordo com a autora, quando um estudante é repreendido por um erro cometido no estudo matemático, há uma tendência a que desistam de aprender por não se consideraram aptos à aquisição de conhecimento na área. A isso, Boaler acrescenta que o aprendizado não deve priorizar a rapidez na transmissão do conteúdo.
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Ninguém tem prazer em cometer erros, mas a ciência já descobriu que, apesar de ruim para o moral, é um momento de expansão do cérebro. A pesquisadora defende que errar é parte substancial e importante da aprendizagem, pois indica que nosso cérebro está fazendo esforço e as sinapses estão trabalhando.
O cérebro humano se fortalece e expande quando aprendemos algo novo, e esse processo nem sempre é simples. Por esse motivo, criar experiências de aprendizado aos indivíduos que estudam a matemática auxiliaria a compreensão dos conteúdos e transmitiria uma sensação fundamental ao aprendizado de qualquer coisa: a confiança de que você é capaz.
Ou seja, qualquer pessoa é apta a aprender matemática — e tudo mais o que desejar. E isso é confirmado pela neurociência, que também defende a necessidade de que estudantes estejam confortáveis, inclusive emocionalmente, para se sentirem desafiados pelo aprendizado, não ameaçados.
(Fonte: Pexels)
O ensino da matemática é considerado difícil por estudantes brasileiros. De acordo com dados do exame Prova Brasil de 2017, oito em cada dez alunos do país concluíram o ensino fundamental sem adquirir conhecimento mínimo esperada para a disciplina.
O resultado brasileiro no PISA, exame internacional que testa conhecimentos de alunos de 15 anos, foi pífio: 66º lugar entre 70 países analisados. Isso impõe às autoridades do país o desafio de tornar o ensino da matéria mais acessível.
E para a pesquisadora Jo Boaler, isso precisa começar com o professor. Para Boaler, é dele o papel de mostrar aos estudantes que eles são, de fato, capazes de aprender e, para tal, devem ser incentivados a desenvolver seu potencial, como mostram as evidências neurocientíficas.