Ciência
27/01/2015 às 12:49•2 min de leitura
Imagine que você é um peixinho nadando tranquilamente no mar e, de repente, avista um caramujo. Você provavelmente não se sentiria muito alarmado, afinal esses bichos costumam ser bem lerdos. No entanto, caso se trate de um animal da espécie Conus geographus, não pense duas vezes e fuja! Nadando o mais depressa que puder!
Conforme você poderá conferir no vídeo da National Geographic que incluímos a seguir, quando o assunto é capturar seu jantar, os C. geographus podem ser implacáveis, assim como surpreendentemente rápidos e espertos. Assista:
Nativos dos recifes da região Indo-Pacífica, esses moluscos costumam medir entre 10 e 15 centímetros de comprimento — e são extremamente tóxicos. Seu veneno é composto por centenas de toxinas que são aplicadas nas vítimas por meio de uma estrutura que funciona como uma espécie de arpão, e essas substâncias são potentes o suficiente para provocar a morte de seres humanos.
Segundo o vídeo, a probóscide — aquela espécie de tubo que aparece logo ao início do clipe — permite que o molusco possa respirar enquanto se mantém enterrado aguardando que algum peixe menos atento se aproxime. Embora o C. geographus conte com um par de olhos rudimentares, ele se apoia no olfato para caçar, usando o tubo para capturar o cheiro das possíveis presas.
No caso da “refeição” flagrada pelo pessoal da National Geographic, a presa da vez até tenta se esconder sob uma pedra, mas essa péssima decisão acaba custando sua vida. Isso porque o molusco macabro usa sua arma secreta — oculta no interior de sua probóscide — que pode ser posta em ação através de uma simples contração muscular. E, como você viu, contrariando a imagem de lentos que temos desses animais, o ataque acontece em um piscar de olhos!
Mas calma... tem mais!
Curiosamente, de acordo com Sean O'Kane do site The Verge, um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade de Utah, nos EUA, revelou que os C. geographus — assim como os moluscos da espécie Conus tulipa — ainda contam com mais uma artimanha para ajudá-los na captura de suas presas.
Sabe aquele momento no vídeo que antecede o ataque ao peixinho? Os cientistas descobriram que, antes de usar seus “arpões”, os moluscos liberam uma grande quantidade de insulina (de peixe e não de molusco!) na água para induzir o choque hipoglicêmico em suas presas. Isso provoca a supressão de glicose a diversos órgãos dos peixes, incluindo o cérebro, e faz com que eles se tornem significativamente mais lentos — e, portanto, mais fáceis de capturar. Veja o efeito abaixo:
O peixinho da direita foi exposto à insulina liberada pelo molusco
Astutos esses moluscos, você não acha?