Artes/cultura
03/02/2017 às 11:29•2 min de leitura
Convenhamos: é preciso conhecer minimamente uma pessoa antes de aceitar fazer sexo com ela, certo? Pois foi partindo exatamente desse mesmo princípio que um zoológico holandês resolveu trabalhar com a reprodução de orangotangos.
Antes, animais eram enviados de um país a outro para reproduzirem e, quando chegavam lá, não rolava aquela “química”. Resultado: dinheiro e tempo indo pelo ralo.
Em breve, as orangotangos fêmeas do Apenheul Primate Park terão a chance de decidir se vão ou não querer copular com machos trazidos de outras regiões. Como? Basicamente, elas olharão fotos de possíveis parceiros e decidirão se querem ou não conhecê-los pessoalmente. Justamente por isso, o projeto ficou conhecido como “Tinder para Orangotangos”.
O experimento já dura quatro anos e quem tira proveito dele, por enquanto, é a fêmea Samboja, de 11 anos, que vê imagens de possíveis parceiros para reprodução. A ideia, de acordo com o biólogo Thomas Bionda, é descobrir como as fêmeas fazem suas escolhas em termos reprodutivos e, assim, aumentar as chances de “match”.
“Frequentemente, os animais têm que ser devolvidos para o zoológico de onde vieram sem a reprodução. As coisas nem sempre vão bem quando um macho e uma fêmea se encontram pela primeira vez”, comentou o especialista.
Bionda explica que a ideia é descobrir qual é o papel emocional nos relacionamentos entre animais, uma vez que a emoção tem grande valor em termos evolutivos: “Se você não interpreta uma emoção corretamente na selva, pode ser o seu fim”, resume.
No caso dos bonobos, por exemplo, que junto com os chimpanzés são os macacos mais próximos aos humanos, o interesse emotivo aumenta quando eles vêm fotos que têm estímulos positivos, como outros bonobos copulando ou fazendo companhia uns aos outros.
Já com a orangotango Samboja, suas preferências são analisadas por meio de imagens que ela vê em um tablet – as respostas dela só mudam quando sua mãe, Sandy (conhecida como Demolidora) se aproxima do aparelho.
A ideia é trabalhar futuramente com um dispositivo que tenha uma tela mais resistente, para que Samboja possa realmente indicar quem ela dispensa e para quem ela dá o famigerado coraçãozinho. A partir daí, será possível descobrir se as orangotangos fêmeas se sentem atraídas por questões que envolvam a aparência dos machos.
Vale lembrar que esse processo é digital e que, na prática, fatores como cheiro e comportamento também são importantes para que os animais decidam se vão ou não copular. De qualquer forma, fica cada vez mais claro: não está fácil para ninguém.