Artes/cultura
11/06/2013 às 06:36•3 min de leitura
Notícias de baleias encalhadas em praias são razoavelmente frequentes. E, seja onde for, elas causam comoção e acabam envolvendo até mesmo a população local, que ajuda a manter as baleias bem hidratadas e a minimizar ao máximo possível os efeitos da situação.
Existem diversas razões para que uma baleia chegue a regiões tão rasas de uma praia que não consiga mais voltar para o mar, tanto naturais quanto ambientais — dificuldades para dar a luz, infecções, fraqueza devido à velhice, tempestades ou até mesmo o fato de estarem sendo caçadas por baleeiros perto demais da costa.
Outra causa para o encalhamento de baleias é o fato de que elas costumam seguir suas presas. Portanto, cardumes de peixes ou grupos de lulas podem acabar se refugiando em águas mais rasas como modo de escapar de seus predadores.
Outro ponto a ser levado em consideração é que as espécies que mais encalham, de acordo com um artigo da Deafwhale Society, se alimentam de espécies que vivem em uma das profundidades mais sensíveis a terremotos.
Baleias encalhadas na Nova Zelândia Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Esses sismos alteram a pressão da área e podem causar mudanças em estruturas internas da cabeça da baleia, o que afeta o seu sistema de sonar. Além de dores intensas, causadas por uma espécie de sinusite, o animal perde a capacidade de mergulhar para se alimentar e acaba sendo guiado pelas correntes de superfície do oceano. Muitos acabam, então, encalhando em bancos de areia.
Como se não bastasse, também existem indícios de que a presença de sonares para fins militares, por exemplo, podem levar as baleias a encalharem.
Apesar de terem pulmões, as baleias são animais aquáticos e precisam da água para sobreviver. Logo, essa é a causa mais evidente para o risco de vida que esses mamíferos correm. Porém, estar longe de seu habitat natural causa efeitos bastantes desagradáveis nas baleias e, apesar de não poderem ser vistos a olho nu, acabam compondo uma verdadeira sessão de tortura para esses cetáceos.
Para começar, o corpo das baleias perde o controle de temperatura e umidade, e o calor da praia começa a desidratá-las rapidamente. É por isso que, em reportagens de encalhamento de baleias, sempre há alguém molhando-a constantemente. E, sempre que possível, é importante arrastá-la o quanto antes de volta para o mar.
Além disso, a massa corporal da baleia é apoiada pela água enquanto ela nada. Quando o animal está em uma região mais rasa, ele acaba sendo comprimido pelo próprio peso. E a pior parte é o fato de que os pulmões da baleia também acabam comprimidos, dificultando a respiração e sufocando o animal.
Fora de seu habitat natural, baleias sofrem com o próprio peso Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Por mais que as autoridades e a população tentem, não é fácil salvar uma baleia encalhada. Com tanta complicação por estar fora da água, não são raras as mortes dos cetáceos. E depois que isso acontece, chega a hora de enfrentar um problema muito grande: como se livrar da carcaça de um animal de, digamos, 8 toneladas?
Em entrevista para o Los Angeles Times, os cientistas Joseph R. Geraci e Valerie J. Lounsbury declaram que o melhor a fazer seria simplesmente “virar as costas e ir embora”, deixando a natureza tomar conta do problema. Porém, isso não é possível em cidades costeiras.
Quando um pequeno rato ou gato morre atropelado, o corpo em decomposição já exala odores capazes de provocar vômito em muita gente. Imagine, então, do que é possível uma baleia com muitos metros e milhares de quilos.
Devolver o corpo do animal para o mar não é uma boa escolha, já que a maré tende a retorná-lo para a areia da praia. Muitos também cogitam a possibilidade de afundar o cadáver com âncoras. Mas o problema é que a baleia morta flutua muito bem e seriam necessárias inúmeras âncoras para afundar 30 ou 40 toneladas de matéria orgânica.
E tem a pior de todas as opções: explodir a baleia morta. Essa foi a medida adotada em 1970, em uma praia de Florence, Oregon, nos Estados Unidos. O resultado da explosão foi catastrófico, com pedaços do corpo da baleia se espalhando por um raio de até 240 metros.
Para explodir o animal, de 14 metros, foi usada meia tonelada de dinamite. Estacionamentos, prédios e até carros foram atingidos pelos pedaços de baleia. O prejuízo foi grande e apenas parte da carcaça desapareceu: o restante continuou na praia. Para piorar a situação, os pássaros que ajudavam a comer a carcaça se assustaram com a explosão e desapareceram do local.
O incidente ficou famoso e ainda hoje serve de lição sobre o que não se deve fazer no caso de um cadáver de baleia aparecer em praias.
Em áreas remotas, cadáveres de baleias podem ser cremados. Em 1979, por exemplo, 41 baleias encalharam em Oregon e, para não repetir o fiasco de antes, os cientistas resolveram queimar e enterrar os corpos depois de estudá-los. O fogo durou dois dias e, felizmente, não haviam vizinhos por perto para reclamar do odor.
Toda vez que um desses animais aparece morto, ele gera uma crise. No mês passado, o corpo de uma baleia azul de 70 toneladas foi encontrado na Califórnia. As autoridades cortaram e enterraram as partes do animal a uma profundidade de quase 5 metros e, mesmo assim, algumas acabaram sendo desenterradas e devoradas por aves.
Como se pode ver, ainda não existe uma solução realmente eficaz de resolver esse problema. Porém, apesar de não serem perfeitos, esses ainda são métodos melhores do que usar meia tonelada de dinamites para resolver o problema.