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28/07/2014 às 05:30•3 min de leitura
Os animais têm olfatos diferentes uns dos outros, alguns com esta habilidade mais apurada do que outros, de acordo com um estudo publicado na revista Genome Research. Esta pesquisa destaca como a composição genética de um animal pode fundamentar a sua capacidade de distinguir diferentes odores.
Yoshihito Niimura, pesquisador do Departamento de Química Biológica Aplicada da Universidade de Tóquio e principal autor do estudo, juntamente com seus colegas Atsushi Matsui e Kazushige Touhara, explica que cada animal tem uma quantidade de genes receptores olfativos (OR) que determinam o quanto eles podem cheirar.
O ser humano é um dos animais mais insignificantes quando falamos sobre olfato, com apenas 396 OR. Até mesmo coelho tem mais, possuindo 768 OR. Os cientistas criaram uma lista com os 10 animais que possuem a maior quantidade de genes olfativos. Quer conhecer cada um deles? Nós apresentamos para você.
O rei dos farejadores é o elefante branco com 1.948 OR. Perto dele, os seres humanos e outros primatas perdem completamente. Os estudos comprovam isso e apoiam essa conclusão, determinando que esses animais podem distinguir moléculas de odor com diferenças estruturais extremamente sutis.
Niimura explica por que o elefante possui essa forte capacidade de farejar: “O corpo dele é tão grande que ele precisou evoluir sua tromba, que funciona como uma mão. Ele pode agarrar os alimentos e outras coisas, por isso eles sempre usam o olfato quando exploram o mundo exterior, desenvolvendo um sentido de cheiro muito superior”.
O pesquisador ainda acrescentou que são necessárias mais análises para ver quando e por que o antepassado do elefante adquiriu um repertório tão grande de genes.
Os roedores são animais com grande quantidade de genes olfativos — é isso o que facilita que eles se alimentem — e o primeiro a aparecer no ranking é o rato com 1.207 OR, batendo até mesmo os camundongos, que são considerados muito inteligentes.
Os gatos até podem farejar camundongos e ratos, mas esses últimos são comedores muito mais exigentes. Os felinos são incapazes de detectar um maior número de odores como os roedores podem, fazendo com que o rato fique em 2º lugar no ranking.
O gambá — forasteiro que é visto, muitas vezes, farejando jardins alheios — tem 1.188 OR, ganhando facilmente o 3º lugar nessa lista. Além disso, ele tem a fama de ter um sistema imunológico extremamente forte, o que lhes permite evitar vírus e veneno de cobra quando são mordidos por uma delas.
A vaca tem 1.186 OR e ficou na 4ª posição da nossa lista. Dizem que o focinho de uma vaca é capaz de detectar odores que estão a quase 9 quilômetros de distância. Ela também pode ouvir sons de alta frequência muito além do sentido humano da audição.
No 5º lugar, temos esse representante réptil com 1.137 genes receptivos olfativos. Como o próprio nome sugere, essa tartaruga vive na China, mas também pode ser encontrada em várias outras partes do mundo. No Havaí, ela é encontrada em pântanos e valas de drenagem.
Essa tartaruga é um animal muito curioso, pois vive boa parte de seu tempo tentando detectar alimentos em água salobra à noite. A sua dieta é composta de restos de peixes, crustáceos, moluscos, insetos, sementes de plantas de pântano, entre outras coisas que ela detecta pelo cheiro.
E os roedores entram novamente na lista. Em 6ª posição, temos o camundongo, que possui 1.130 OR. Ele tem uma dieta bem variada, por isso é compreensível que estes animais, embora muito pequenos, tenham um forte senso olfativo.
Os cavalos entram na nossa lista em 7º lugar, com 1.066 genes receptivos olfativos. “Em geral, os mamíferos são muito melhores em comparação com outros vertebrados (animais com espinha dorsal)”, disse Niimura. “Os mamíferos são originalmente noturnos, como as criaturas que existiram na era dos dinossauros. Portanto, parece que a importância do olfato já vem sendo desenvolvida com o tempo”.
O representante anfíbio da lista é o sapo-com-garras-ocidental. Ele possui 824 OR e é um animal do tamanho médio, vivendo no cinturão da floresta tropical do oeste africano. Ele habita rios lentos, bem como piscinas e lagoas temporárias.
Esta espécie em particular tem sido amplamente estudada e é considerada como um organismo modelo para a genética. Talvez pode ser que os outros sapos também sejam farejadores em potencial, mas simplesmente não têm sido estudados tanto.
Os cães ocupam o 9º lugar da lista, com 811 OR. “Os cães são geralmente considerados bons farejados, mas eles não são os animais com maior número de genes OR”, disse Niimura. Ele ainda acrescenta: “Carnívoros podem não precisar distinguir entre diferentes tipos de odores, mas eles podem ser muito sensíveis aos odores que possam discernir”.
Por exemplo, um gato pode ser capaz de sentir o cheiro fedorento de sua comida a quilômetros de distância, mas seria menos capaz de distinguir os vários tipos diferentes de odores que existem e que podem atingi-lo.
E, por último, mais um roedor. O porco-da-índia entra em 10º lugar, com 796 genes receptores olfativos. “Em geral, os primatas têm menos números de genes olfativos do que outros mamíferos não primatas, porque os primatas têm um sentido visual bem desenvolvido”, disse Niimura. Os roedores, por sua vez, precisam do olfato para se alimentar e sobreviver.