Artes/cultura
13/07/2022 às 06:30•2 min de leitura
Há uma década, um verdadeiro fenômeno tomava conta das redes sociais: o lançamento da música "Gangnam Style", criada pelo rapper sul-coreano Psy, obteve um enorme sucesso em uma velocidade inexplicável. O videoclipe maluco zombava sobre o rico distrito de Gangnam, em Seul, mas logo se tornou uma atração global.
Inclusive, a ilustre "passinho" do cavalo virou uma marca registrada do cantor — algo que provavelmente alcançaria ainda mais fama com a ascensão do TikTok nos últimos anos. Em dezembro de 2012, a canção atingiria um bilhão de visualizações no YouTube, o que seria apenas o início de uma longa jornada.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Foi preciso apenas alguns dias para que Gangnam Style desse origem a diversos memes e paródias de todos os tipos. Multidões de pessoas se uniram para realizar elaborados flash mobs, que aconteceram do Brasil ao Azerbaijão. Em determinado momento, parecia possível afirmar que não existia pessoa no mundo que ainda não tivesse escutado a música.
O hit de Psy mostrou à indústria musical que o sucesso poderia ser alcançado apenas com o uso das plataformas digitais e mídias sociais, sobretudo para um artista de fora do Ocidente e que mal conseguia falar inglês. De uma hora para outra, todos os padrões haviam sido quebrados e o marketing tradicional parecia desnorteado.
A demonstração de que o YouTube era uma plataforma relevante e influente para a música pop ao redor do mundo abiu as portas para um mercado que estava engatinhando: o streaming. Gangnam Style, assim como o sucesso de artistas como Justin Bieber e Carly Rae Jepsen, mostrou às celebridades que era hora de explorar o mercado online.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Poucos meses após seu lançamento, Gangnam Style já era o vídeo mais assistido na história do YouTube — algo que permaneceu assim por mais de três anos. Nesse ano, as visualizações já beiram a casa dos 4,5 bilhões. Com tamanho sucesso, não havia dúvidas de que a vida de Psy mudaria completamente.
No auge de sua popularidade, o rapper apareceu em todos os lugares. Isso significa dividir palco com Madonna, liderar um flash mob em frente à Torre Eiffel e até mesmo se apresentar para o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Porém, nem tudo foi tão fácil assim.
Após o primeiro hit, o artista sul-coreano passou a sentir uma cobrança por novos hits. "Toda hora eu tinha que apresentar esse tipo de música impactante", disse à Agence France-Presse (AFP) em uma entrevista recente. Após 10 anos do sucesso, no entanto, a pressão parece ter diminuído e Psy voltou a ser livre para trabalhar com o que realmente gosta.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Graças ao sucesso de Psy, milhares de portas foram abertas para um mercado que parece estar em plena ascensão: o K-pop, ou música popular coreana. Nos últimos anos, grupos como BTS, BLACKPINK e EXO conquistaram milhares de seguidores ao redor do mundo e passaram a receber números de visualizações inacreditáveis no YouTube.
Aliás, o alcance musical através da internet é tão grande que levou a uma mudança na forma como as paradas musicais são compiladas. Atualmente, a Billboard passou a levar em consideração os índices de visualização e transmissão no YouTube. O papel de Psy nessa jornada merece reconhecimento.
“Ele é sempre alguém a quem eu sou grato”, disse Suga, membro do BTS, em um vídeo publicado em 2022. Gangnam Style pode ter virado motivo de sátira para algumas pessoas amargas no universo online, mas é inegável a sua significância para o meio musical 10 anos depois de seu lançamento oficial.