Ciência
16/06/2023 às 11:10•3 min de leitura
Nós, humanos, precisamos de festas para sobreviver, e quem diz isso não são os extremamente sociáveis, mas a própria História. Um estudo de 2006 da Universidade de Reading sugere que nossos ancestrais pré-históricos não dançavam para se divertir, mas para evoluir e conviver.
“Os primeiros humanos podem ter dançado para atrair um companheiro há 1,5 milhão de anos”, explicou Steven J. Mithen, arqueólogo da Universidade de Reading, no Reino Unido. Afinal, essa atividade rítmica era a forma que encontraram de formar relações uns com os outros e aqueles que eram coordenados e rítmicos podem ter tido uma vantagem evolutiva.
Essa "efervescência coletiva", como definiu bem o sociólogo francês Émile Durheim, por vezes saiu do controle – o que ainda hoje não é muito difícil de ver acontecer.
Essas são as 2 festas mais mortais da História.
(Fonte: HIstory Today/Reprodução)
O rei Carlos VI, da França, foi chamado de "O Bem Amado" por ser a última esperança francesa em um dos períodos medievais mais turbulentos da História, mas também foi chamado de "O Louco" – e isso não foi à toa.
Aos 23 anos, durante uma caça com sua trupe, o rei simplesmente pegou sua espada e matou um de seus cavaleiros, depois partiu para cima do resto da companhia. O episódio causou a morte de mais três homens e violou vários princípios do direito divino dos reis: o monarca não só teve que ser tocado como amarrado para ser levado de volta a Paris. Esse foi o primeiro sinal de que havia algo de errado com Carlos.
E, de fato, havia. Alguns historiadores especulam que o homem sofria de esquizofrenia, que apenas se agravou ao longo do tempo e tornou seu comportamento, já considerado errático, ainda mais notório.
Como uma forma de distrair Carlos, em janeiro de 1393, a corte francesa decidiu celebrar o terceiro casamento de uma das damas de companhia da rainha com uma festa no Hôtel Saint-Pol. Quando isso acontecia, rolava uma festa cujo entretenimento era um charivari, uma performance de zombaria de cavaleiros vestidos como homens selvagens da floresta.
Rei Carlos Vi da França. (Fonte: The Famous People/Reprodução)
Os trajes para os charivaris eram feitos de linho embebido em piche, sobre os quais eram presos fios de linho puídos para dar o aspecto de pelagem, reforçando a característica de selvagem. Eles vestiram máscaras peludas consideradas a atração principal, afinal, a festa também consistia em um jogo de adivinhar quem eram os dançarinos. Poucos na plateia, no entanto, sabiam que um deles era o próprio Carlos.
Uma vez que dançar em local fechado com trajes altamente inflamáveis era um risco imenso naquela época, a corte decretou que nenhuma vela ou tocha fosse trazida para o salão durante a apresentação. Essa mensagem, porém, não chegou até o irmão do rei, Luis, Duque de Orléans, que apareceu atrasado e bêbado com amigos carregando tochas acesas.
O duque acabou encostando em um dos dançarinos e o incendiou, dando início a um pandemônio. O incêndio causou a morte de quatro pessoas e Carlos só conseguiu sobreviver porque foi coberto pela saia da duquesa de Berri, que tinha apenas 14 anos na época.
O Baile dos Homens Ardentes, como o episódio ficou conhecido, causou tanta revolta no povo parisiense que toda a corte teve que pagar uma penitência pública.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Em maio de 1896, a coroação do imperador Nicolau II da Rússia estava prevista para ser uma das cerimônias abertas ao público mais apreciadas de todos os tempos. Para isso, foi reservado o chamado Campo de Khodynka, que fica a noroeste de Moscou, e possui quase 2 quilômetros de extensão. Naquela época, era destinado ao treinamento do exército russo.
Em um país onde a fome era o que de fato imperava, a comida era uma atração tão principal quanto a aparição dos monarcas. Para isso, foram erguidos cerca de 20 bares, 150 barracas de comida e doces, além de um imenso palco para uma apresentação teatral. Foram disponibilizados 30 mil baldes de cerveja e 10 mil de hidromel. Havia mesas ao ar livre e tudo o mais. Para a corte, parecia perfeito.
(Fonte: Times Graphics/Reprodução)
Às 5h de 30 de maio, já existiam 500 mil pessoas forçando os portões do campo, embora o evento estivesse marcado para começar às 10h. O caos iniciou quando o público ficou sabendo que não haveria comida e presentes suficientes para abarcar a quantidade de pessoas – que a corte não imaginava que seria tanta.
Como resultado, as pessoas invadiram o campo e causaram um pisoteamento em massa. Estima-se que 1.389 pessoas morreram no evento, sendo que algumas contagens acreditam que esse número chegou a 2 mil.