Conheça o livro de receitas mais antigo do mundo e o que ele nos ensina

24/09/2024 às 06:002 min de leituraAtualizado em 24/09/2024 às 06:00

O livro de receitas mais antigo do mundo não se parece em nada com os livros que usamos hoje. Ele é, na verdade, um conjunto de pequenas tábuas de argila escritas em cuneiforme, encontradas na antiga Mesopotâmia — o que hoje corresponde ao Iraque.

Essas tábuas, conhecidas como “Yale Culinary Tablets”, têm cerca de 4 mil anos e registram uma variedade de pratos babilônicos, como sopas, ensopados e tortas. Elas estão em exibição no Yale Peabody Museum, nos Estados Unidos, como parte da Yale Babylonian Collection.

O que as tábuas revelam sobre a culinária babilônica

Coleção de livros de receitas e objetos culinários. (Fonte: Yale Peabody Museum/Reprodução)
Coleção de livros de receitas e objetos culinários. (Fonte: Yale Peabody Museum/Reprodução)

Apesar de seu formato rudimentar, as tabuinhas babilônicas trazem uma riqueza de informações sobre os hábitos alimentares de milênios atrás. Ingredientes como cordeiro, beterraba, cerveja azeda e gorduras animais eram comuns, e sugerem que a sociedade já possuía um sistema culinário bastante avançado.

Diferente dos livros de receitas atuais, essas tábuas não detalham o modo de preparo, partindo do princípio de que os cozinheiros da época já sabiam como preparar os pratos listados. Os pesquisadores da Yale Babylonian Collection se aventuraram a recriar algumas dessas receitas.

Embora os resultados tenham variado, com alguns pratos sendo praticamente intragáveis, outros, como um ensopado de cordeiro com cerveja, revelaram sabores que ainda são familiares atualmente.

Além de oferecer uma janela para o que se comia na antiga Babilônia, os artefatos também nos ajudam a entender mais sobre o comércio e a economia da época. A forte presença de pratos à base de grãos e cerveja reflete o papel da Mesopotâmia como o celeiro do mundo antigo, e a diversidade de ingredientes revela uma sociedade interconectada.

Conexões culturais e gastronômicas com o passado

Obra Eternal Cities, de Mohamad Hafez. (Fonte: Mohamad Hafez/Reprodução)
Obra Eternal Cities, de Mohamad Hafez. (Fonte: Mohamad Hafez/Reprodução)

Inspirado por essas tábuas, o artista Mohamad Hafez criou a obra "Eternal Cities", atualmente exposta no Yale Peabody Museum. Nessa escultura, Hafez estabelece um paralelo entre a culinária moderna do Oriente Médio e as receitas babilônicas, destacando como a comida pode servir como uma ponte entre culturas.

Para ele, essas tábuas e os antigos livros de receitas são ferramentas valiosas para compartilhar tradições e histórias. Mesmo com as diferenças evidentes, essas receitas antigas ainda oferecem muito a aprender sobre a vida cotidiana e os hábitos alimentares de uma civilização que há muito desapareceu.

O livro de receitas mais antigo do mundo é muito mais do que uma simples lista de ingredientes. Ele representa um fragmento vivo da história cultural, econômica e social de uma civilização que moldou o mundo como o conhecemos.

Agora, com a exibição, temos a chance de nos conectar com esse passado distante; e quem sabe, até tentar recriar em nossas cozinhas um pouco da culinária babilônica que atravessou milênios para chegar até nós.

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