Diferenças entre as línguas europeias começaram em migrações pré-históricas

07/01/2025 às 21:002 min de leituraAtualizado em 07/01/2025 às 21:00

Uma equipe internacional de 91 pesquisadores descobriu uma divergência genética entre dois grupos de pessoas, durante a Idade do Bronze (entre 3300 a.C. e 1200 a.C.). Essa separação permitiu estabelecer algumas conexões relevantes entre o desenvolvimento das línguas indo-europeias e a composição genética das populações daquela época.

O estudo, hospedado no repositório de pré-impressões bioRxiv e ainda não revisto por pares,  sugere que as populações espanhola, francesa e italiana receberam parte de sua herança genética de populações das estepes da Eurásia, transmitida pelo povo Bell Beaker. Já o grupo grego e armênio adquiriu ancestralidade das populações Yamnaya. 

A família indo-europeia, que engloba a maioria das línguas faladas no mundo, incluindo os grupos românico, germânico, eslavo, báltico, celta e helênico, está intimamente ligada aos grandes movimentos migratórios originados na Estepe Ocidental, região que engloba hoje partes da Ucrânia, sul da Rússia e Cazaquistão. 

Analisando as divergências entre as línguas indo-europeias

x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
As variações linguísticas estão ligadas às migrações pré-históricas. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Para testar a ocorrência dessas conexões, os autores analisaram o DNA de 314 indivíduos antigos do Mediterrâneo. Na pesquisa, a equipe utilizou isótopos de estrôncio nos ossos e dentes de 224 deles, para rastrear a mobilidade das antigas populações. 

A técnica permite determinar onde essas pessoas viveram, pois regiões diferentes possuem assinaturas isotópicas diferenciadas. Essas assinaturas são as formas pelas quais um mesmo elemento químico se manifesta em determinadas regiões geográficas. É como se fossem "impressões digitais" do local, pois variam conforme a geologia e o ambiente da área. 

Dessa forma, analisar as proporções do estrôncio em ossos e esmalte dos dentes pode mostrar com relativa precisão onde um indivíduo viveu e obteve seu alimento e água, permitindo aos pesquisadores traçar um mapa do seu padrão de migração. Embora não seja uma localização 100% exata, a técnica revela diferenças entre quem habitou uma área e quem não habitou.

Principais conclusões sobre evolução das línguas na Europa

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O estudo não esclareceu completamente todas as árvores genealógicas. (Fonte: Genetics, 2024/Divulgação)

Embora os resultados do estudo tenham se mostrado consistentes com as hipóteses linguísticas ítalo-celtas e greco-armênias que explicam as origens da maioria das línguas indo-europeias mediterrâneas da Antiguidade Clássica, dizem os autores, a análise não conseguiu esclarecer completamente todos os ramos da árvore genealógica indo-europeia.

A relação entre as línguas germânicas e ítalo-celta, por exemplo, não foi desvendada. Houve também casos de heranças mistas. Italianos da Idade do Bronze podem ser divididos em: do norte e centro da Itália (linhagem Bell Beaker ligada à França e à Espanha), e os da costa adriática da Itália (ancestralidade Yamnaya, como a das populações dos Bálcãs e da Grécia).

Havia ainda um terceiro grupo italiano, da região de Olmo, com ascendência elevada de agricultores neolíticos, anterior às migrações da Idade do Bronze. Ou seja, como qualquer estudo humano, não há respostas prontas, mas pistas genéticas, arqueológicas e linguísticas que podem clarear um pouco o nosso passado nebuloso e confuso.

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