Ciência
14/03/2016 às 07:06•3 min de leitura
Como você sabe, na semana passada ocorreu um eclipse total do Sol que, infelizmente, não foi visível aqui no Brasil. Hoje em dia, esses fenômenos não causam muito espanto — talvez um pouco de ciúmes com respeito a quem pode observar um deles acontecendo —, mas, no passado, quando muitas culturas não compreendiam o que provocava esses eventos celestes, o escurecimento gradual do nosso astro rei muitas vezes era motivo para pânico.
Segundo Mindy Weisberger, do portal Live Science, a palavra eclipse tem sua origem no termo grego ekleipsis — que significa “abandono” — e está relacionada com a ideia de que o Sol abandonava a Terra e a deixava na escuridão. Assim, esses eventos costumavam ser considerados prenúncios de calamidades e desastres, e muitos povos associavam os fenômenos à atividade de deuses — e demônios! Confira algumas crenças curiosas a seguir:
De acordo com os registros históricos, na época da Antiga Mesopotâmia, os eclipses serviam como previsão da morte iminente de monarcas poderosos. Além disso, a população acreditava que esses eventos antecipavam a vinda do deus Ramman — divindade da tormenta —, que era responsável por trazer enchentes que afetariam a produção de alimentos.
Existe uma interessante passagem sobre os eclipses solares em um antigo poema indiano chamado “Mahabharata”. Nela, o demônio Rahu acaba sendo decapitado pelo deus Vishnu depois de o Sol contar a ele que a entidade havia bebido uma poção para conquistar a imortalidade.
Nervoso com o “dedo-duro”, Rahu persegue o astro e o devora! Mas a vingança é apenas temporária — já que é apenas uma questão de tempo até que o Sol passe pela garganta do demônio e seu pescoço decepado e volte a aparecer.
Na Austrália, os aborígenes tinham o que podemos chamar de uma atitude mais proativa com respeito aos eclipses. Isso porque, embora eles fossem vistos como eventos negativos — sendo associados com maus presságios doenças, magia negra, sangue e morte —, os anciãos e curandeiros tentavam reverter os efeitos negativos através de rituais que envolviam atirar objetos sagrados em direção ao Sol e entoar canções e cânticos.
De acordo com a mitologia nórdica, os vikings acreditavam que os eclipses eram provocados por um lobo celeste chamado Sköll — filho de Fenrir e cujo nome pode ser traduzido como repulsa — que engolia o Sol. E quando essa criatura surgia e começava a sua “refeição”, a população tentava espantá-la fazendo a maior quantidade possível de barulho, para que ela largasse o astro e fosse embora.
De acordo com os historiadores, existem glifos maias sugerindo que esse povo acreditava que os eclipses eram provocados por uma serpente gigante que temporariamente engolia o Sol — fazendo a escuridão reinar no céu.
No século 16, um frade espanhol chamado Bernardino de Sahagún — que atuava como missionário na região central do México — presenciou um grande tumulto quando a população testemunhou a ocorrência de um desses fenômenos.
Segundo os relatos do religioso, as pessoas gritavam apavoradas e a desordem reinou durante o fenômeno. Ele também contou que os azarados que tinham a pele mais clara do que os demais eram oferecidos como sacrifício aos deuses e que os astecas acreditavam que, se o eclipse fosse completo, a luz nunca mais voltaria. Com isso, os demônios da escuridão viriam à Terra e devorariam os homens.
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