Ciência
21/10/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 21/10/2024 às 12:00
Enquanto usavam radares de penetração no solo para avaliar riscos de inundação no sítio arqueológico da icônica cidade de Petra, na Jordânia, pesquisadores da Universidade de St. Andrews, da Escócia, encontraram uma antiga tumba sob o edifício do Tesouro (Al-Khazneh), com 12 esqueletos.
Já impressionante por si, a descoberta adquiriu ares cinematográficos, quando os cientistas descobriram que um dos ocupantes da tumba estava segurando a parte superior de um cálice de cerâmica quebrado. O achado remeteu à cena do Santo Graal, de Indiana Jones e a Última Cruzada, filmada no edifício acima.
A descoberta desse cálice pode ajudar a esclarecer um dos maiores mistérios de Petra: a idade exata de Al-Khazneh, abandonado e esvaziado pelos romanos por volta do ano 700 d.C. Para o cientista Tim Kinnaird, da St. Andrews, "É fantástico que agora tenhamos a cerâmica, os fatos ecológicos e os sedimentos até o momento em que o Tesouro foi construído", afirma em comunicado.
Habitantes de Petra, os nabateus a princípio eram nômades, peregrinando pelo deserto da Arábia como pastores e comerciantes. Após controlar importantes rotas de caravanas que transportavam incenso, mirra e outras especiarias, eles se sedentarizaram ao longo do tempo e esculpiram sua capital nas rochas de arenito da região montanhosa do atual sul da Jordânia.
O Tesouro (Al-Khazneh), um impressionante edifício de 40 metros de altura esculpido diretamente na rocha, foi construído no auge de Petra, entre os séculos 1 a.C. e 1 d.C. Seu apelido moderno se deve à existência de uma urna esculpida em seu topo, um indicativo que o local poderia conter riquezas escondidas.
Os sedimentos e os materiais encontrados nos sepultamentos foram datados entre a segunda metade do século 1 d.C. e o início do século 2 d.C., segundo análise feita pelo professor Kinnaird, da Faculdade de Ciências da Terra e Ambientais da St. Andrews. As pesquisas sobre as 12 pessoas e seus restos mortais ainda estão em andamento.
Para o pesquisador sênior, professor Richard Bates, "A descoberta é de significância internacional, pois muito poucos sepultamentos completos dos primeiros nabateus já foram recuperados em Petra antes", afirma em um comunicado. Ele espera que essas importantes descobertas "ajudem a preencher as lacunas de nosso conhecimento sobre como Petra surgiu e quem eram os nabateus".
A aventura da vida real sobre a escavação da tumba em Petra é mostrada em dois episódios da 14ª temporada da série Expedições Desconhecidas do Discovery Channel, que está sendo exibida durante este mês de outubro.