Peixe-boi pré-histórico foi morto por crocodilo e comido por tubarão-tigre

05/09/2024 às 15:002 min de leituraAtualizado em 05/09/2024 às 15:00

Uma ocorrência rara de ser observada na natureza, uma presa sendo predada por diferentes predadores, foi detectada no registro fóssil por uma equipe internacional de cientistas. A vítima, uma espécie de peixe-boi pré-histórico do extinto gênero Culebratherium, foi atacado primeiramente por um crocodilo, e em seguida devorado por um tubarão-tigre.

O esqueleto do peixe-boi, descoberto no norte da Venezuela, mostra traços de que o animal tenha sido duplamente predado em algum momento entre o Mioceno Inferior e o Médio (entre 23 milhões e 11,6 milhões de anos atrás). 

Embora saber se um animal foi comido por outro possa ser revelado em amostras fósseis, muitas vezes não é possível determinar se foi uma predação ativa, na qual o predador estava caçando ativamente sua presa para se alimentar; ou se foi limpeza, um comportamento simbiótico mutualista, no qual uma animal "limpador" remove tecidos mortos em um "cliente".

Como foi descoberto o esqueleto do peixe-boi duplamente predado?

x. (Fonte: Aldo Benites-Palomino et al./Divulgação)
Ossos do peixe-boi pré-histórico e montagem do "quebra-cabeças"paleológico. (Fonte: Aldo Benites-Palomino et al./Divulgação)

Em um comunicado de imprensa, o coautor Marcelo Sanchez-Villagra, diretor do Instituto e Museu Paleontológico de Zurique, contou que a descoberta do esqueleto fóssil (parte do crânio do peixe-boi e 18 vértebras) seguiu relatos “boca a boca” feitos por um fazendeiro da cidade venezuelana de Santa Ana de Coro, que estava preocupado com “algumas ‘pedras’ incomuns”.

Depois de se preparar por vários meses, cinco paleontólogos levaram sete horas para remover o esqueleto, que estava muito bem preservado por estar enterrado em sedimentos finos, segundo os autores.

Avaliando o formato e a profundidade das mordidas nos restos mortais coletados, a equipe percebeu que o crocodilo fez perfurações semicirculares e outras curvas, mais largas, sugerindo um “rolo mortal”, como fazem os crocodilos atuais. Já as outras marcas tinham fendas longas e estreitas com seções transversais em V, uma "assinatura” de mordidas de tubarão.

Qual a importância da descoberta da dupla predação?

Marcas de mordidas. (Fonte: Aldo Benites-Palomino et al./Divulgação)
Marcas de mordidas no peixe-boi. (Fonte: Aldo Benites-Palomino et al./Divulgação)

No estudo, publicado na revista Journal of Vertebrate Paleontology, os autores destacam que suas descobertas mostram sinais de que a cadeia alimentar se comportava há milhões de anos de forma parecida com a atual.

Como acharam um dente de tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier) no pescoço do peixe-boi e viram mais marcas de mordida do peixe no esqueleto, eles concluíram que o predador, conhecido como "lata de lixo do mar" por sua preguiça de caçar, adotou o mesmo comportamento há milhões de anos, e preferiu se banquetear com um animal já morto por outro carnívoro.

Para o autor principal do trabalho, Aldo Benites-Palomino, "Nossas descobertas constituem um dos poucos registros que documentam múltiplos predadores sobre uma única presa e, como tal, fornecem um vislumbre das redes da cadeia alimentar nesta região durante o Mioceno", conclui o pesquisador da Universidade de Zurique.

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