Ciência
26/03/2019 às 05:00•6 min de leitura
O filme 'O Iluminado' é um terror psicológico produzido e dirigido por Stanley Kubrick, em 1980. Foi baseado e adaptado no livro homônimo de Stephen King. É considerado um dos maiores e mais influentes longas de terror de todos os tempos, sendo um dos projetos mais famosos do ator Jack Nicholson.
A trama conta a história de Jack Torrance (Nicholson), um escritor e alcoólatra em recuperação que vai trabalhar como zelador durante o inverno no isolado Hotel Overlook, levando junto sua esposa, Wendy (Shelley Duvall), e o filho dos dois, Danny (Danny Lloyd).
O que parece ser uma relaxante temporada para a família em um imenso hotel luxuoso e fechado, acaba se tornando um grande pesadelo. Pois o jovem Danny, com sua habilidade de ver o passado e o futuro, além de ver espíritos, acaba se conectando com a entidades do local. Porém, ele não é o único a ser rodeado pelos fantasmas, que aos poucos começam a influenciar Jack de forma negativa, minando completamente sua sanidade.
Uma das características mais marcantes desta obra é sua trilha sonora. Diferente de outros filmes de terror, em O Iluminado, as trilhas não "avisam" quando as cenas de violência irão acontecer, evitando a utilização dos famosos jump scares para causar tensão no público.
Confira algumas curiosidades sobre o longa:
Antes de “O Iluminado”, Kubrick já era conhecido por suas incursões em diferentes gêneros, entre eles o terror. Tanto é que, no início da década de 70, seu nome foi cogitado para a direção de “O Exorcista”. Porém, ele não trabalhou na obra por querer, além de dirigir, produzir o filme. Posteriormente, Kubrick revelou que gostaria de “fazer o longa mais assustador do mundo, envolvendo uma série de episódios que iria fazer o público ‘pular’ de medo”. Sete anos depois ele lançaria a obra "O Iluminado".
Em 1952, Kubrick foi diretor de um episódio da série de TV “Omnibus”, exibida de 1952 a 1961. Este capítulo trazia uma trama tensa sobre jogadores de poker. Kubrick então utilizou a desorientação psicológica da série no filme, para evitar a percepção de que os eventos sobrenaturais estavam realmente acontecendo.
A história do filme foi baseada no best-seller do escritor Stephen King, lançado em 1977. Apesar do sucesso, Kubrick simplesmente ignorou o rascunho do roteiro feito pelo autor da história, alegando que a sua escrita era “fraca”. Ele preferiu trabalhar com Diane Johnson durante onze semanas no script.
Stephen conta que, em uma manhã, Kubrick o chamou com o seguinte questionamento: "Eu acho que histórias do sobrenatural são fundamentalmente otimistas, não é? Se há fantasmas, então isso significa que vamos sobreviver à morte.” Stephen respondeu com a questão de como o inferno se encaixaria neste quadro. O diretor respondeu imediatamente: “Eu não acredito no inferno.”
Durante uma entrevista à revista Playboy, em 1983, Stephen revelou que durante muito tempo havia admirado Kubrick e, por isso, criou grandes expectativas quanto ao filme. Porém, acabou decepcionado com o resultado final. Além disso, o escritor afirmou não ter gostado da atuação de Jack Nicholson, afirmando que o ator estava errado para o papel.
Segundo King, “o último grande papel de Nicholson foi em ‘Um Estranho no Ninho’. E, quando o ator iniciou o filme com seu ‘sorriso maníaco’, o público o identificou como um maluco automaticamente. Mas o livro é sobre uma descida gradual do personagem Jack na loucura, através da influência maligna. Se a história já começa com um louco, toda a tragédia de sua queda é desperdiçada”.
Kubrick considerou tanto Robert De Niro quanto Robin Williams para o papel de Jack. Porém, após assistir Taxi Driver, o diretor considerou que De Niro não seria psicótico o suficiente para o papel. Por outro lado, considerou Robin Williams demasiado psicótico após sua atuação em Mork & Mindy. De acordo com Stephen King, Kubrick também considerou brevemente Harrison Ford.
O produtor-executivo do filme era Jan Harlan, cunhado do diretor. Além disso, Christiane Kubrick e Vivian Kubrick, esposa e filha, respectivamente, colaboraram com o design e a música da obra. Vivian também fez um documentário no set de gravações, intitulado “The Making Of The Shining”.
Kubrick odiava voar e, por isso, não participou das filmagens feitas de um helicóptero no Parque Nacional Glacier.
No livro, os acontecimentos sinistros acontecem no quarto 217, porém, a administração do Hotel Timberline Lodge, onde foram gravadas algumas cenas do filme, pediu para que o quarto fosse mudado para o 237. A precaução foi tomada para que os hóspedes não evitassem nenhum quarto, já que não existia a numeração 237 no hotel. Curiosamente, o quarto 217 é o mais solicitado no local.
Kubrick pediu para que a frase original “All work and no play makes Jack a dull boy” tivesse diferentes traduções em cada país em que o filme foi lançado. Em alemão, a frase é: “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”, e, em italiano: “Aquele que acorda cedo encontra um dia de ouro”.
As páginas com a famosa frase “All work and no play makes Jack a dull boy” contêm diferentes layouts e erros, o que mostraria que alguém fez o trabalho manualmente. Acredita-se que o próprio diretor foi o responsável pelo feito, dando um toque especial à cena. Porém, essa informação nunca foi confirmada.
Sabe-se que Kubrick é famoso por sua visão detalhista. Então, quando Jack foi visto lendo uma revista Playgirl, as pessoas já começaram a especular sobre o real significado da cena. Nesta edição, há um artigo sobre incesto, significando, para muitos, que Danny pode ter sofrido abuso sexual.
Com a estreia de “O Iluminado”, acreditava-se que Dan Lloyd, que interpretou o pequeno Danny, seria um novo astro infantil. Porém, o ator só teve mais um pequeno papel na televisão dois anos depois do filme.
Para proteger o ator, que na época tinha apenas 5 anos, Kubrick disse a ele que o filme era um drama. Dan só viu a obra quando já tinha 16 anos e revelou que não havia achado assustador, já que esteve nos bastidores.
Na cena em que Jack quebra a porta do banheiro com um machado, Nicholson acrescentou um toque especial ao gritar “heeeere’s Johnny!”. O bordão era de Ed McMahon, no programa “The Tonight Show - Starring Johnny Carson”, e não estava no roteiro. Veja o ator se preparando para a cena:
Além de improvisar uma das cenas mais famosas do filme, Nicholson colaborou escrevendo outra. O ator revelou que, particularmente, compreendia a repreensão da esposa de Jack enquanto ele estava tentando escrever. Em uma entrevista ao New York Times, explicou que passou por algo parecido durante o seu divórcio, dizendo que tinha a pressão de ser um homem de família, trabalhar durante o dia em um filme e escrever à noite.
O diretor era notoriamente brutal com Shelley durante as gravações. Segundo a atriz, ela passou a ter problemas de saúde por causa do estresse sofrido. Uma das cenas de discussão entre Wendy e Jack entrou para o Guinness Book, pois levou 127 tomadas para ser gravada.
Rob Ager, um fã de “O Iluminado”, percebeu que alguns aspectos no Hotel Overlook não faziam sentido. Um exemplo é o escritório de Ullman, que possui uma janela para o exterior mesmo tendo quartos ao seu redor. Além disso, enormes corredores e salões não condiziam com o tamanho do hotel.
Perto do fim das gravações, um incêndio atingiu o estúdio onde o filme era gravado, causando um prejuízo de U$ 2,5 milhões. Este caso resultou em uma famosa fotografia, na qual Kubrick ri em frente aos destroços – talvez porque na história original o hotel realmente acabe queimado.
Para criar o labirinto invernal por onde Jack persegue Danny, foram usadas nada menos que 900 toneladas de sal, além de isopor.
Não é raro que filmes possuam versões diferentes para a cena final, mas Kubrick a fez após o primeiro fim de semana de exibição do filme. Ao que parece, a versão cinematográfica está perdida, porém o roteiro ainda existe. A cena se passa depois da morte de Jack e, em uma visita a Wendy no hospital, Ullman conversa sobre “as coisas que ela viu no hotel”. Segundo ele, a tenente teria revistado todo o lugar (o hotel) e não teria encontrado nada fora do comum. Por isso, Ullman sugere que ela e Danny passem um tempo com ele. O filme termina com um texto sobre o preto: "O Hotel Overlook sobreviveu a esta tragédia, assim como tantos outros. Ele ainda abre a cada ano, de 20 de maio até 20 de setembro. Mas fica fechado para o inverno."
Uma das teorias em torno do filme diz que Kubrick ajudou a falsificar a chegada do homem à Lua e “O Iluminado” é sua confissão. Outros tópicos abordam o genocídio dos nativos americanos e até o holocausto.
Um dos grandes fãs do filme de Kubrick é o diretor Lee Unkrich, responsável por filmes como “Toy Story 3”. Ele até incluiu referências da obra no desenho, como o tapete semelhante ao do Hotel Overlook.
Há também a placa do caminhão de lixo “RM237” e a cena do chat online em que o dinossauro usa o nick “Velocistar237”, menção ao quarto 237.
Os clipes "The Kill", da banda 30 Seconds to Mars, e "Spit it Out", da banda Slipknot, tiveram o filme como inspiração. A banda Mudvayne tem uma música chamada "Dull Boy", que traz a celebre frase "All work and no play makes me a dull boy".
Além disso, o personagem Johnny Cage, do jogo Mortal Kombat X, usa um fatality em que ele abre a barriga do adversário e diz “Here’s Johnny”.
Galeria 1