Estilo de vida
27/11/2014 às 11:15•3 min de leitura
Já ouviu falar de oxitocina? Se ainda não, prepare-se para saber mais sobre uma das substâncias mais incríveis produzidas pelo corpo humano. Conhecida também como o “hormônio do amor”, a oxitocina é chamada assim por estar relacionada com algumas questões de relacionamento, comprometimento e formação de laços entre as pessoas.
Essa substância é produzida no hipotálamo, quando há algum tipo de intimidade física, incluindo a amamentação, para facilitar a criação de vínculo entre a mãe e o bebê. Mas se até agora esse hormônio parece estar ligado apenas ao amor, saiba que não é só nesse sentido que ele atua. A seguir, descubra mais propriedades dessa substância mágica:
Uma pesquisa recente descobriu que a oxitocina é capaz de inibir as regiões cerebrais relacionadas ao medo. Para chegar a essa conclusão, um grupo de pesquisadores realizou alguns testes, sendo que o primeiro deles consistia em mostrar imagens capazes de gerar medo em um grupo de pessoas – dessas imagens, 70% eram acompanhadas de um pequeno choque elétrico.
Em seguida, metade dos voluntários recebia uma dose de oxitocina por meio de um spray nasal e, então, viam as mesmas imagens, só que sem os choques. Aqueles que receberam a substância tinham menos medo do choque e as áreas cerebrais correspondentes ao medo eram menos ativas nesses indivíduos.
A oxitocina está relacionada com as lembranças que homens têm de suas mães durante a infância. Em homens que têm boas memórias de infância e com uma boa relação com suas mães, o hormônio acentua esse saudosismo e faz com que eles inclusive exagerem nesse amor maternal.
Já naqueles que não têm uma relação afetuosa com as mães, a presença do hormônio não altera o nível de relacionamento deles. Nesses voluntários, a substância ajudou a provocar uma sensação de mais desconforto ainda. Ou seja: o hormônio intensifica, nos homens, o carinho ou a falta dele com relação às suas mães.
Para o pesquisador Carsten de Dreu, da Universidade de Amsterdã, a oxitocina não é “uma molécula moral”. Ele diz isso porque realizou uma série de experimentos com o hormônio e percebeu que a presença dele faz com que as pessoas estejam mais propensas a mentir.
Em um desses experimentos os voluntários deveriam adivinhar qual lado (cara ou coroa) cairia virado para cima nas diversas vezes que algumas moedas eram jogadas para o alto. Quanto mais adivinhassem o resultado, mais dinheiro ganhariam. Uma vez que receberam doses do hormônio, os participantes começaram a mentir mais a respeito de seus palpites. Vixe!
Outro estudo a respeito do hormônio chegou à conclusão de que ele não faz efeito apenas em pessoas, mas também em cachorros, que ficam mais amáveis com seus donos quando estão sob efeito da substância.
Para chegar a essa conclusão um grupo de cientistas aplicou a substância em 16 cachorros adultos, de diferentes raças. O comportamento dos animais com relação a seus donos mudou consideravelmente: eles ficaram mais carinhosos, atenciosos e obedientes.
Olha só que coisa boa! Um estudo feito com camundongos revelou que, à medida que esses animais envelhecem, os níveis de oxitocina diminuem consideravelmente em suas correntes sanguíneas. Depois que cientistas injetaram o hormônio em camundongos idosos com lesões musculares, esses ratinhos se recuperaram muito mais rapidamente do que aqueles que não haviam recebido a substância.
Um dos responsáveis pelo estudo, Christian Elabd, afirmou que a ação do hormônio foi rápida, proporcionando uma reparação grande à musculatura dos animais. Com relação a nós, humanos, não se sabe ao certo quando a substância passa a ser produzida em menores quantidades, mas a esperança é a de que futuramente o hormônio possa fazer parte de tratamentos para lesões causadas pelo envelhecimento.
Essas pesquisas científicas que muitas vezes achamos malucas demais são, na verdade, a forma que os cientistas encontram de propor futuros tratamentos de saúde.
Graças a mais um desses estudos já se sabe, por exemplo, que oxitocina em spray nasal pode ser uma substância auxiliar no tratamento de distúrbios alimentares como a anorexia. Nesses pacientes, a substância conseguiu ajudar a criar uma autoimagem mais saudável, já que reduz as chances dessas pessoas ficarem focadas obsessivamente em comida e forma física.