Artes/cultura
19/05/2015 às 08:25•3 min de leitura
Quando falamos em modificações corporais, pensamos direto em filmes de ficção científica, em robôs, ciborgues e androides, como se isso fosse algo superfuturista e distante de nossa realidade.
O que esquecemos é que já fazemos uso dessas modificações há muito tempo. Veja um marca-passo, por exemplo, que regula os batimentos de pessoas com problemas cardíacos. Ou implantes cocleares, que auxiliam na audição. Recentemente temos visto cada vez mais próteses de membros que funcionam com comandos mentais.
Porém, o que preocupa mais atualmente é o aumento dos biohackers. “Biohack” é o termo em inglês que descreve o ato de “hackear” nossas funções físicas ou mentais, quase como quando usamos “cheat” para jogar video game. O problema é que as pessoas têm feito certas alterações bastante profundas ou usado substâncias perigosas por conta própria, sem a supervisão de um médico ou de um profissional especializado.
Conheça alguns desses biohacks bizarros e veja se tanto risco vale a pena. Lembre-se sempre: não tente fazer nada disso em casa nem em nenhum outro lugar. Tenha juízo!
Imagine poder enxergar no escuro assim como um gato ou uma coruja. É o que promete um milagroso – e perigoso – colírio inventado pelo biohacker Gabriel Licina. Esse produto consiste em Chlorin e6, uma substância feita à base de cloro que é encontrada em peixes de grandes profundidades e é usada para tratar câncer e cegueira noturna. Misturada com insulina e dimetilsulfóxido, o Chlorin e6 altera o jeito como os sensores de luminosidade dos nossos olhos funcionam.
Apesar de funcionar por um curto período de tempo, o contato dessas substâncias com os olhos pode ser bastante nocivo. Segundo oftalmologistas, essa aplicação pode causar hemorragia nos olhos e problemas na veia central da retina.
O biohacker Rich Lee bolou uma maneira de aumentar a sensibilidade de sua audição quando descobriu que sofria de um problema que o faria perder a visão. Ele instalou ímãs internos em seus ouvidos, que servem como amplificadores em conjunto com um colar adaptado plugado em um aparelho sonoro. A vibração enviada pelo cabo para esse colar, uma espécie de bobina que fica em torno do pescoço, reverbera nos ímãs dos ouvidos e o usuário pode ouvir música normalmente sem a necessidade de colocar os fones na orelha.
Apesar de ter realizado essa modificação corporal com a ajuda de profissionais, a ação continua sendo potencialmente perigosa, com altas chances de infecções severas no ouvido.
Esse maluco chamado Tim Cannon passou dos limites, mesmo quando tratamos de biohack. Ele implantou por conta própria em seu braço um chip que envia seus dados biométricos para um dispositivo externo. Esse é um dos biohacks mais extremos, visto que o aparelho instalado embaixo da pele de Cannon não é um microchip, e sim um trambolho enorme.
A ação amadora fica clara quando vemos os pontos feitos para fechar a incisão por onde o dispositivo foi inserido. Ainda assim, o biohacker parece bastante contente com o resultado e ostenta seu braço tecnológico com orgulho. O objeto dentro do seu braço funciona com uma bateria que é recarregável sem a necessidade de plugar um fio – uma tecnologia bastante avançada que em breve pode ficar bastante popular entre aparelhos móveis.
Nosso corpo é uma máquina bastante complexa e completa. Por exemplo, quando adentramos algum ambiente muito frio, ele automaticamente passa a produzir mais calor para tentar manter a sua temperatura em níveis aceitáveis. Esse processo, chamado de termogênese, altera nosso corpo de diversas maneiras, inclusive acelerando bastante nosso metabolismo.
O que alguns praticantes do biohack tentam fazer é estimular artificialmente essa termogênese com o intuito de controlar melhor nosso metabolismo, fazendo com que possamos nos aclimatar melhor a temperaturas extremamente baixas e, melhor ainda, perder peso.
Esse “treinamento” seria feito à base de longas exposições ao frio. Para isso, a pessoa pode tomar banhos supergelados ou deitar em uma banheira cheia de pedras de gelo. O problema é que isso pode ser um perigo: não são raras nessa prática queimaduras severas pelo contato do gelo na pele, o que pode causar infecções graves em nosso organismo.
É isso mesmo que você leu e como gosto não se discute, vamos lá. Certos modificadores de corpo resolveram criar a “nulificação”, que nada mais é do que a remoção tanto de testículos quanto do próprio pênis. Trata-se de um fetiche sexual que algumas pessoas possuem, o que é bastante compreensível quando entendemos que sexualidade vai além de só A ou B e é na verdade um imenso leque de possibilidades.
Pessoas que praticam a nulificação são homens cisgênero que apenas não desejam possuir a genitália masculina. É diferente de um transgênero, que de fato busca a troca completa de sexo, incluindo a mudança do órgão sexual.
A comunidade que pratica a nulificação não se encaixa exatamente entre os biohackers, apesar de aquilo que eles fazem ser também uma modificação corporal (e bastante íntima). Não é necessário falar novamente que ninguém deve tentar realizar esse tipo de alteração física em casa, certo?
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Exagero ou não, o biohacking tem ganhado cada vez mais adeptos no mundo. Será que de fato caminhamos para um futuro no qual teremos chips implantados em nossos corpos para facilitar nossa vida? O que você acha? Deixe sua opinião aí nos comentários.