Artes/cultura
02/05/2013 às 07:53•4 min de leitura
O Universo em toda a sua extensão oferece um vasto campo de estudo e especulação para astrônomos e cientistas. E quanto mais a ciência avança e novas descobertas são feitas, mais perguntas surgem sobre o funcionamento do Espaço, sobre a nossa própria origem e até mesmo sobre as possibilidades do Universo chegar ao fim.
Alguns dos mistérios que intrigam os pesquisadores envolvem fenômenos que fogem da compreensão e que levantam dúvidas sobre as razões de suas peculiaridades. É o caso da galáxia em formato retangular e do campo magnético em parte da crosta lunar. Descubra as dez principais perguntas sobre o Universo que ainda tiram o sono de muitos astrônomos e cientistas nos dias de hoje.
No modelo cosmológico aceito pela comunidade científica, o Universo é composto por energias e partículas que interferem na gravidade, expansão e aceleração do espaço. Acredita-se que 73% da densidade se constitui de energia escura, que teria o efeito de pressão negativa sobre o Universo; e 23% de matéria escura, que hipoteticamente tem efeitos gravitacionais em matérias visíveis.
Por ser completamente invisível para telescópios e por não emitir luz nem radiação eletromagnética, a matéria escura é extremamente difícil de ser estudada. Os cientistas especulam que ela seja composta de partículas subatômicas diferentes daquelas das matérias visíveis, mas seu efeito gravitacional é perceptível nos movimentos de galáxias e estrelas.
Um dos principais recursos para o estudo da matéria escura é o projeto AMS (Alpha Magnetic Spectrometer) na Estação Espacial Internacional, que coleta dados sobre o fluxo de raios cósmicos na órbita da Terra. Leia mais aqui sobre essa pesquisa científica.
Um dos maiores mistérios da Lua, assim como a sua origem e formação, é a presença de campos altamente magnetizados na superfície, mas apenas em algumas partes da crosta e não em sua totalidade. A região da bacia do Polo Sul-Aitken, onde se encontra a maior cratera na superfície da Lua, apresenta também a maior concentração de magnetismo do satélite e tem despertado a atenção dos cientistas.
Fonte da imagem: Reprodução/Smithsonian.com
Acredita-se que essa grande cratera foi formada pelo impacto de um asteroide de 200 quilômetros de extensão, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Esse asteroide pode ter deixado uma quantidade enorme de alguma forma de ferro, que se espalhou de maneira irregular pela crosta lunar, produzindo essas anomalias magnéticas ainda hoje detectadas.
Os cientistas especulam também se a Lua tinha algum tipo de campo eletromagnético depois da sua formação, que estaria presente inclusive no evento do grande impacto do asteroide, mas que foi desaparecendo ao longo do tempo. Simulações por computador indicam que o campo lunar de fato existiu e que o magnetismo encontrado em regiões da superfície faz parte tanto de materiais do espaço quanto de restos do campo eletromagnético que ainda resistem no satélite.
A galáxia anã LEDA 074886, detectada em 2012, está localizada a 70 milhões de anos-luz, mas mesmo à longa distância ela chama a atenção pelo seu aspecto retangular. As galáxias em geral têm formato oval, como discos, elipses tridimensionais, às vezes até com curvaturas irregulares, mas essa nova galáxia tem uma aparência bastante peculiar, com cantos mais definidos.
Fonte da imagem: Reprodução/Smithsonian.com
De acordo com algumas especulações, o aspecto retangular pode ser resultado da colisão de duas galáxias em formato espiral. A LEDA 074886 pode ser vista como um retângulo ou até mesmo se assemelhando a um diamante, mas apresenta um disco de orientação circular no centro. Acredita-se que a galáxia deve perder seus cantos duros ao longo de bilhões de anos.
O lítio é um dos elementos, junto com o hélio e o hidrogênio, que deveria ser abundante no Universo por estar diretamente ligado aos processos de síntese nuclear. Porém, a observação de estrelas antigas, formadas de material similar àquele que produziu o Big Bang, revelou uma quantidade de lítio muito inferior do que previam os modelos teóricos. A pouca quantidade do elemento nas estrelas ficou conhecida no meio científico como “problema de lítio”.
Novas pesquisas indicam que parte desse lítio pode estar misturada ao centro das estrelas, fora da vista de telescópios. Ao mesmo tempo, no campo teórico, pesquisadores sugerem que áxions, partículas subatômicas hipotéticas, podem ter absorvido prótons e reduzido a quantidade de lítio criada logo após o Big Bang.
Nos anos mais recentes, os astrônomos notaram que as galáxias formam novas estrelas a uma taxa que parece consumir mais matéria do que elas pareciam ter. Um novo estudo com galáxias distantes pode ter encontrado a resposta a este mistério. As galáxias parecem atrair de volta para o seu centro um gás que elas mesmo produzem, o que pode resolver a questão da origem da matéria bruta na formação de novas estrelas.
O telescópio Fermi, capaz de detectar raios gama no espaço, registrou em 2010 gigantescas bolhas de radiação que emanam em direções opostas a partir do centro da Via Láctea. Essas estruturas se estendem a 20 mil anos-luz para cima e para baixo do plano espacial.
Fonte da imagem: Reprodução/Smithsonian.com
Os cientistas têm especulado que essa radiação pode ser resultado do choque de estrelas sendo consumidas pelo enorme buraco negro do centro da galáxia.
As estrelas de nêutrons pulsares têm a particularidade de emitir radiação eletromagnética em intervalos regulares, como o feixe de luz em rotação de um farol. Apesar de a primeira pulsar ter descoberta em 1967, os cientistas ainda tentam decifrar as causas dos pulsos de energia. Observou-se que correntes magnéticas influenciam no desalinhamento dos polos e na emissão de radiação, mas ainda não há explicação para a flutuação magnética que movimenta as pulsares.
A pergunta que não quer calar: será que estamos sozinhos no Universo? Em 1961, o astrofísico Frank Drake postulou uma equação polêmica sugerindo que, levando em conta diversos fatores, a probabilidade de existir vida em outro lugar é extremamente alta. Drake contabilizou a formação de novas estrelas, a quantidade de estrelas com planetas, a combinação de condições para a existência de vida, entre outras especificações. Ainda não encontramos vida em nenhum canto da galáxia, mas isso não significa que devemos perder as esperanças.
Os teóricos acreditam que o Universo começou com o Big Bang, mas há muitas dúvidas ainda de como ele vai acabar. Não é possível saber se o Universo continuará se expandindo até o ponto da desagregação de toda a matéria, o Big Rip, ou se a expansão irá cessar e o plano espacial entrar em processo de condensação, o chamado Big Crunch.
Podemos não estar sozinhos e podemos não ser únicos. A teoria de pesquisadores físicos é de que podemos estar em um multiverso, com outros universos paralelos. A especulação sugere pensar o nosso universo como uma bolha, como um globo de neve, e que outros universos alternativos existem dentro de suas próprias bolhas. Apesar de ser um conceito bem próximo de clássicos da ficção científica, astrônomos procuram evidências que indiquem pontos de colisão entre os universos.