Ciência
28/01/2014 às 10:46•2 min de leitura
A presença de água na Lua sempre foi um tema de debate entre os cientistas, já que o que não faltam são teorias de como é que essa substância foi parar lá. No entanto, de acordo com um artigo publicado pelo International Business Times, uma nova pesquisa pode esclarecer esse mistério, e inclusive explicar como é que a vida surgiu no nosso planeta.
Segundo a publicação, cientistas de instituições norte-americanas, depois de avaliarem partículas interplanetárias sob potentes microscópios eletrônicos, descobriram que a radiação emitida pelas tempestades solares é capaz de transformar as camadas mais externas dos silicatos que compõem a poeira cósmica em água. Os pesquisadores já suspeitavam que essa transformação ocorria no espaço, entretanto, nunca havia sido possível comprovar a teoria por falta de tecnologia adequada.
Conforme explicaram, a água encontrada na poeira interplanetária é formada a partir da reação entre o vento solar e o oxigênio presente nos grãos de silicato. As partículas emitidas pelo Sol bombardeiam a poeira cósmica com átomos de hidrogênio ionizado, reorganizando os átomos que compõem os grãos. Dessa maneira, mais átomos de oxigênio ficam disponíveis para reagir com os de hidrogênio para formar moléculas de água.
Fonte da imagem: Reprodução/NASA
A poeira interplanetária consiste em minúsculas partículas resultantes da formação de planetas, asteroides e cometas, e um estudo realizado em 2011 revelou que esses grãos contém matéria orgânica criada pelas estrelas. Sua estrutura química é muito parecida à do carvão e do petróleo, e estima-se que 40 mil toneladas desse material atinjam a superfície da Terra todos os anos.
De acordo com os pesquisadores, esse fluxo de poeira cósmica vem atuando ao longo de bilhões de anos como uma espécie de chuva constante de “receptáculos reativos” contendo não apenas água, mas também material orgânico, ou seja, os ingredientes necessários para o eventual surgimento de vida tanto aqui na Terra como em outros planetas.
Fonte da imagem: Reprodução/NASA
As implicações da descoberta são enormes, pois os cientistas sempre acreditaram que compostos tão complexos como o petróleo ou o carvão só poderiam ser originados a partir de organismos vivos. A análise da poeira cósmica revelou que esses compostos podem surgir no espaço também, mesmo sem a presença de formas de vida.
Além disso, a pesquisa também sugere que as partículas interestelares podem estar espalhando água e matéria orgânica por todo o sistema solar, além de permitir que os cientistas possam determinar quando a vida teve início nosso planeta ou, ainda, que possam provar que ela tenha vindo do espaço.
Vale lembrar que com o estudo os pesquisadores não sugerem que o oceano aqui na Terra teve origem por meio da poeira cósmica. Por outro lado, a descoberta poderia explicar a presença de água na Lua, tanto sob a superfície como em grãos minerais espalhados pelas camadas mais externas do satélite.