Quer ser desenhista de mangá? Então se liga na rotina absurda de um mangaká

24/12/2016 às 06:002 min de leitura

Uma das categorias de entretenimento que atualmente mais aglomera fãs ao redor mundo é a de publicações de revistinhas em quadrinhos japonesas, que são especificamente chamadas de mangás. Esses desenhos são muito importantes, pois geralmente são deles que derivam as séries animadas de televisão — que por sua vez recebem o nome de “animes” (e que atingem um público tão grande ou maior ainda do que as revistas).

E vale salientar que muitos jovens são absolutamente apaixonados por essas histórias em preto e branco, publicadas em revistinhas (de tamanho menor do que o formato americano ao qual estamos acostumados), cuja leitura é feita do final convencional da edição para o início, e a ordem dos quadros de cada página também segue esse princípio contrário à “metodologia ocidental de leitura”.

Dessa forma, já que esses garotos e garotas desenvolvem um contato tão íntimo com esse assunto, nada mais natural do que vários deles começarem a nutrir uma vontade de se tornarem desenhistas dessas histórias. E essa profissão, muito comum no país do Sol Nascente, é conhecida como “mangaká”, que significa literalmente “aquele que desenha os mangás”.

Fonte da imagem: Reprodução/Animax

Mas será que o pessoal que pensa em assumir futuramente uma posição como essa tem alguma noção do tanto de tempo que é preciso investir na carreira para se tornar um profissional de sucesso no ramo? Sobre isso, o portal da revista Animax publicou um cronograma (traduzido do japonês) relatando a rotina diária de um dos mangakás mais famosos da atualidade: Hiroshi Shiibashi, o autor de Nurarihyon no Mago.

Diga adeus a tudo o que não for mangá

De acordo com a agenda acima, o senhor Shiibashi é obrigado contratualmente a entregar de 25 a 30 páginas semanais para sua editora, a fim de cumprir sua produção estipulada. Além disso, a cota mínima do desenhista também inclui eventualmente a confecção de algumas páginas coloridas e outras ilustrações avulsas.

Somando isso ao período em que o profissional (enquanto um ser humano) precisa se alimentar e ao período que ele precisa repousar (dormir), podemos contabilizar mais ou menos três horas semanais de tempo livre, para serem usufruídas, gastas e aproveitas de qualquer maneira que ele queira!

Fonte da imagem: Reprodução/MangasProject

É claro que isso é praticamente desumano e que em nosso país essa rotina de trabalho estaria beirando um regime de escravidão. Mas essa é a agenda real de um desenhista famoso, que recebe imensas quantias de dinheiro em troca de seu trabalho, mas que não dispõe de praticamente nenhum tempo para gastar nada — a não ser com remédios para dores nas costas ou possíveis futuras úlceras.

Escravos do sucesso

Se você ainda acha que está apto a submeter seu tempo, saúde e parte de sua sanidade para mudar de país e assumir a rotina de um mangaká, é preciso fazer um último alerta. Assim como no Brasil nós dispomos de um exército esmagadoramente grande de aspirantes a jogador profissional de futebol, o pessoal mais novo no Japão se volta para o ofício de desenhar mangas.

Em outras palavras, é praticamente impossível conseguir se infiltrar no meio oriental e assumir o posto de desenhista famoso no meio desse tipo de quadrinhos. Logicamente que existem exceções a todas as regras, o que praticamente garante que esse feito é hercúleo sim, porém não impossível.

Mesmo assim, é realmente assustador ver que o cara que vira mangaká só conta com três horas livres por semana durante o ano todo. Será que vale a pena?

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