Ciência
31/10/2019 às 09:00•3 min de leitura
Nem todo mundo comemora o Halloween, como os EUA. Mas isso não significa que outros países não tenham formas pra lá de interessantes de celebrar a ocasião, conforme mostramos em uma matéria que você pode conferir através deste link. Pois, entre as solenidades que existem por aí, uma das mais tradicionais, sem dúvida, é o Día de Los Muertos - ou Dia dos Mortos em tradução livre -, festejado no México.
Segundo Oscar Lopez, do portal Latin Times, a ocasião é uma das tradições mais importantes celebradas no México, e está focada em lembrar e homenagear familiares e amigos que faleceram. O mais interessante é que, além de muitos enfeites e caveiras, existe um elemento que não pode faltar na comemoração - e ele é criado a partir de uma variedade de itens simbólicos.
Estamos falando dos altares que são montados nas casas, escolas e até em locais públicos, e que trazem uma série de objetos da cultura mexicana e do catolicismo, assim como itens que remetem à época dos antigos conquistadores espanhóis. Os altares também contam com fotos dos falecidos, alimentos e bebidas que eles curtiam em vida, e até antigas peças de roupa. E a seguir você poderá descobrir mais curiosidades sobre a simbologia desse curioso elemento.
As ofrendas, segundo Oscar, são os itens posicionados no altar que simbolizam presentes para os defuntos. Esses “mimos” são uma maneira dos mexicanos mostrarem seu amor pelos falecidos, e geralmente as oferendas são feitas na forma de pequenas porções das comidas preferidas dos mortos e doses de tequila.
Os mexicanos também costumam colocar um pratinho de sal no altar e um copo de água, e eles não servem para condimentar os petiscos dos defuntos ou para ajudar a fazer sua comida descer goela abaixo! Na verdade, o sal evita que a alma do falecido seja corrompida pelas tentações terrenas, enquanto que a água permite que seu espírito mate a sede e se fortaleça para a sua viagem de volta ao mundo dos mortos.
Os altares muitas vezes contam com dois, três e até sete níveis diferentes e, conforme explicou Oscar, cada um tem um significado. Segundo disse, os dois primeiros níveis representam a divisão entre o céu e a Terra, e trazem tanto elementos como a chuva, o vento e os raios de sol, como os frutos da terra.
O terceiro nível simboliza o submundo, e costumava estar associado ao sistema de crenças asteca. Mas, por conta da influência europeia, ou seja, do catolicismo, esse nível também pode representar a Santa Trindade. Já os altares que com sete níveis são os mais comuns, e cada um dos “andares” designa os sete estágios pelos quais as almas devem passar antes de chegar ao céu - ou ao inferno! Os sete níveis também estão relacionados com os sete pecados capitais.
É bastante comum que os altares contem com arcos de flores sobre as oferendas e, de acordo com Oscar, eles representam a passagem da alma ao mundo dos mortos. No entanto, nos altares com sete andares, os arcos muitas vezes simbolizam a crença asteca, e nesse caso designam o penúltimo nível no submundo de Mictlan.
As cores das flores também têm significado, sendo que as brancas representam o céu, enquanto que as amarelas servem para guiar as almas ao mundo dos vivos, e as roxas representam a cor tradicional do luto no México. Os altares ainda contam com uma cruz feita de cal no chão e, segundo Oscar, apesar de hoje simbolizar o cristianismo, originalmente, ela designava os quatro pontos cardeais e os quatro elementos - a água, a terra, o fogo e o ar.
Muitos altares são enfeitados com tranças e dobraduras feitas como papel de seda, quase sempre nas cores alaranjado e roxo, e esses adereços simbolizam a união entre a vida e a morte. Além disso, existem muitas velas também, e suas chamas representam o amor dos vivos pelos que já partiram e servem para guia-los em seu caminho.
Já as lanternas que ficam penduradas sobre os altares representam a estrela de Belém, aquela que guiou os Reis Magos até a manjedoura para o nascimento de Cristo. Ademais das velas e adornos feitos com papel colorido, os mexicanos também colocam incenso ou um pouco de uma resina aromática usada em cerimônias indígenas chamada copal, e tanto um como o outro serve para purificar as almas dos mortos e espantar os espíritos malignos.
É claro que o item mais icônico do festejo são as famosas calaveras. De acordo com Oscar, elas representam os amigos e parentes mortos e, frequentemente, são feitas de açúcar e chocolate. Quem se delicia com elas após a celebração do Día de Los Muertos são as crianças, e as caveirinhas são um excelente exemplo de como os mexicanos comemoram, brincam e lidam com a morte.