Ciência
08/03/2019 às 02:00•3 min de leitura
A luta feminina por igualmente está cada vez mais em alta – ainda bem. No entanto, se voltarmos um pouco na história, nada muito longe, veremos que a falta de direitos concedidos às mulheres beirava o absurdo. Você imagina, por exemplo, uma mulher ser proibida de assistir a uma luta de boxe? Ou quem sabe ser presa por acender um cigarro em público?
Confira 10 coisas que as mulheres já foram proibidas de fazer:
Enquanto a renda desigual continua a ser um problema no mercado de trabalho, já houve um tempo em que os bancos queriam ditar como as mulheres gastariam seu próprio dinheiro. Na década de 70, cidadãs solteiras ou divorciadas que solicitassem um cartão de crédito, muitas vezes, eram obrigadas a trazer um homem para assinar o contrato. Além disso, independente do salário ganho, as instituições, às vezes, davam apenas a metade do crédito total para elas. Essa situação levou o Senado a aprovar a “Lei de Igualdade de Oportunidade de Crédito”, em 1974, para que os credores não mais discriminassem seus clientes baseados no sexo e no estado civil.
Até 1975, os estados norte-americanos podiam decidir se as mulheres iriam integrar ou não um júri. Absurdo? A situação era ainda pior: em 1879, tomando por base que as mulheres tinham um “defeito de sexo”, a Suprema Corte considerava constitucionalmente aceitável que os tribunais as proibissem de fazer parte do conselho. Por volta de 1927, apenas 19 estados haviam abolido esta decisão, em outros havia a crença de que seria inadequado para as mulheres ouvirem detalhes sórdidos de casos criminais e que elas poderiam ser demasiadamente simpáticas com os criminosos.
Aqui no Brasil, até 1889, um grupo bem abrangente de pessoas era proibido de votar: os menores de 21 anos, analfabetos, soldados, indígenas e elas, as mulheres. Apenas em 1932, com a nova legislação eleitoral, é que o sexo feminino pôde passar a exercer seu direito de escolha.
Durante a década de 20, as praias públicas não eram lugar para mostrar o corpo: muitos governos emitiam normas específicas sobre os trajes de banho, que não poderiam, por exemplo, mostrar muito das pernas. Havia até mesmo uma patrulha da fita métrica para fiscalizar as praias. Mulheres que insistissem em usar algo diferente da lei eram convidadas a se retirar do local, correndo até o risco de serem presas. Somente na década de 50 é que personalidades, como Brigitte Bardot, desafiaram as convenções e passaram a exibir o modelo mais ousado por aí.
Falando nisso, você sabe por que a peça se chama biquíni? O nome deriva do atol de Bikini, no Pacífico, que foi usado para testes com bombas nucleares. Assim, a ideia era que uma mulher de biquíni provocaria o efeito de uma “bomba atômica”.
Até 1964, a “licença-maternidade” era permanente. Ou seja, se uma mulher ficasse grávida, era grande a probabilidade de que ela perdesse o emprego. Isso acontecia já que, com a falta de leis, os empregadores não tinham a obrigação de manter suas trabalhadoras que ficassem grávidas.
“Um dia histórico e um tremendo passo à frente”: foram essas as palavras escolhidas para anunciar o lançamento do contraceptivo oral, na década de 60. Desenvolvido pela feminista Margaret Sanger e a milionária Katherine McCormick, a invenção da pílula teve que se manter em segredo durante alguns anos, já que era proibido que as mulheres utilizassem contraceptivos. Com o objetivo de inventar um método barato, fácil e eficiente, Margaret e Katherine, junto ao cientista Gregory Pincus, esconderam o plano através de um falso projeto para aliviar os sintomas da menstruação. Em 18 de agosto de 1960, o medicamento foi lançado no mercado norte-americano com o nome de Enovid-10. A pílula significou uma verdadeira revolução em uma época que o sexo era tratado apenas como meio de reprodução.
Quando milhares de homens marcharam para a Primeira Guerra Mundial em 1915, era natural que as mulheres assumissem muitas de suas funções, tanto profissionalmente quanto para fins recreativos. O futebol foi um destes casos: equipes femininas surgiram e se tornaram uma sensação pública, com multidões na plateia. Porém, em 1921, o órgão Football League declarou que o esporte era “inadequado” para o corpo feminino. Assim, equipes compostas por mulheres foram proibidas de existir até 1971.
O nascimento dos Jogos Olímpicos modernos, em 1896, deu lugar a um número crescente de atletas do sexo feminino nas competições, mas nem sempre foi assim: os gregos antigos não permitiam que elas participassem, nem como espectadoras! O castigo para quem desobedecesse? A pena de morte! Essa proibição às mulheres no esporte ressurgiu em 1930, quando o exército britânico as proibiu de assistir aos jogos por causa do pugilismo, considerando que “não era um espetáculo edificante”.
Acredite, muitos homens já consideraram o tabagismo como algo masculino, tanto que, em Nova York, era proibido que mulheres fumassem em público, tanto em bares como em hotéis ou restaurantes. A lei só foi revogada em 1927.
O último item da lista, infelizmente, ainda faz parte da vida de muitas mulheres. Em países como Afeganistão, Congo, Índia e Paquistão, elas não têm o direito de escolher um parceiro. Além do casamento arranjado, mesmo as que sofrem com a violência doméstica não podem sequer pedir a separação.
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