Artes/cultura
04/12/2014 às 13:39•2 min de leitura
A heroína é uma droga que assola parte da população mundial, causando muitas vítimas anualmente por conta de overdoses. Mas alguns médicos americanos estão divulgando uma solução simples que pode salvar muitas vidas.
Os efeitos da heroína
A heroína é uma droga derivada do ópio que pode causar efeitos prazerosos e sedativos nos usuários. Ao adentrar o cérebro, o composto é convertido em morfina e atinge receptores nervosos capazes de produzir os sentimentos de prazer, além de obstruir alguns outros, como o da dor.
O problema maior está no uso contínuo da substância, que, além de bloquear efeitos como a dor, pode também interromper receptores responsáveis pela respiração e outras funções vitais. A overdose causará a diminuição na respiração do usuário e, consequentemente reduzirá a taxa de oxigênio no sangue. As extremidades do corpo ficam azuladas e o usuário pode parar de respirar.
A luz no fim do túnel: naloxona
A naloxona é uma droga criada nos anos 60 capaz de remover os efeitos do ópio anexado no sistema nervoso quase instantaneamente. Ela é a substância utilizada por médicos para reverter as overdoses de heroína e pode ser injetada ou inalada por usuários em situações críticas. Os outros efeitos decorrentes da overdose vão persistir, mas a vida pode ser salva com uma dose.
Infelizmente, a droga não é muito difundida, apesar de em 1983 já ter sido colocada na lista de medicamentos essenciais pela Organização Mundial de Saúde. Mesmo sem consequências negativas ou positivas para quem não utilizou opiáceos – derivados do ópio –, é preciso uma receita prescrita para ter acesso a uma dose de naloxona.
Vendo essa situação, os médicos Alexander Walley e Dan Bigg tinham o objetivo em comum de torná-la mais acessível e se uniram para ajudar a AHOPE a criar uma campanha que distribuiria e ensinaria o uso de naloxona para policiais, paramédicos, usuários e posteriormente até para as famílias que lidavam com algum parente que tivesse problemas com o vício.
Os resultados vieram rápido, e a substância pôde ser adquirida em centros de ajuda aos usuários, como a AHOPE, mas para isso era necessário um treinamento para saber lidar com o tratamento. Infelizmente, a difusão da capacitação e acessibilidade à droga não agradou a todos.
A política conservadora dos Estados Unidos fez diversas objeções sobre a continuidade da campanha, dizendo que tratar a overdose implicaria no aumento de usuários, já que tratar o fator de risco seria atrativo para quem quer experimentar ou largar a heroína. Apesar dos contratempos, o uso de naloxona foi um sucesso e preveniu milhares de mortes anualmente em algumas cidades americanas.
Naloxona funciona para overdoses de outras drogas?
A resposta é não. Cada droga tem um funcionamento diferente no organismo, e a naloxona atua no combate ao que a heroína causa no sistema nervoso. Overdoses de drogas como a cocaína, por exemplo, causam ataques cardíacos, derrames ou espasmos e não têm ligação alguma com o combate dos efeitos da heroína.
O programa de combate à overdose se tornou um modelo em solos americanos, e esperamos que se espalhe para outros países. E, nesse meio termo, cientistas talvez descubram compostos capazes de reverter os efeitos de diversas outras drogas.