Estilo de vida
16/12/2015 às 10:50•2 min de leitura
Você já deve ter visto inúmeras representações e reconstruções anatômicas dos Neandertais, não é mesmo? Como você sabe, esses nossos “primos” desapareceram do planeta há cerca de 40 mil anos e, apesar de eles serem os povos extintos mais próximos dos humanos atuais, uma das diferenças mais evidentes eram suas características faciais, bem mais robustas do que as nossas.
De acordo com Laura Geggel, do portal Live Science, uma equipe de cientistas da Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York recentemente apresentou um estudo no qual revelam o motivo de as faces dos neandertais serem tão diferentes das nossas — e a discrepância se deve ao fato de como os ossos da face deles se desenvolviam.
Segundo os pesquisadores, enquanto nos humanos o desenvolvimento dos ossos da face durante a infância dá origem a rostos menos salientes, nos neandertais os depósitos ósseos continuavam até a adolescência, resultando em maxilares, testas e narizes mais protuberantes.
Os pesquisadores explicaram que os ossos são formados por células chamadas osteoblastos — e absorvidos por estruturas conhecidas como osteoclastos. Durante o estudo, eles realizaram um mapeamento dos depósitos de osteoblastos e da reabsorção óssea (processo no qual os osteoclastos decompõem os ossos) das camadas mais externas das faces dos neandertais.
Para o mapeamento, os cientistas usaram crânios de crianças neandertais encontrados em dois sítios arqueológicos diferentes, um localizado no sul da França e o outro em Gibraltar. Os pesquisadores também avaliaram quatro exemplares de hominídeos adolescentes encontrados em Sima de los Huesos, na Espanha — que são considerados como prováveis ancestrais dos neandertais.
O time descobriu que, enquanto nos humanos as camadas mais externas dos ossos da face contam com osteoblastos, os neandertais apresentavam um importante acúmulo ósseo nessa mesma região do rosto.
A análise apontou que tanto nos humanos como neandertais é possível observar um aumento gradual nos depósitos ósseos após o nascimento. No entanto, nos seres humanos parte desses depósitos é reabsorvida durante a infância, especialmente da região inferior da face; nos neandertais e nos hominídeos de Sima de los Huesos, o acúmulo ósseo prosseguia durante a adolescência, resultando em maxilares também mais protuberantes.
De acordo com os pesquisadores, a descoberta ajuda a explicar a redução que a face dos humanos sofreu há cerca de 200 mil anos, dando origem a rostos menores do que os dos nossos ancestrais mais antigos. Isso porque os neandertais e os hominídeos encontrados na Espanha apresentam padrões de desenvolvimento ósseo na face parecidos, e os humanos foram os que se diferenciaram do parâmetro seguido pelos nossos ancestrais.
Conforme disseram os cientistas, na verdade, somos nós que contamos com um rosto único, diferente dos demais, e essas discrepâncias evolutivas podem ajudar a explicar a variedade de tamanhos e formatos que podem ser observados entre os humanos modernos. Agora, o próximo passo será descobrir quando e como nossas faces começaram a apresentar essa nova característica de desenvolvimento.
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