Artes/cultura
24/02/2017 às 12:58•3 min de leitura
Todo mundo já ouviu falar sobre o TNT — ou trinitrotolueno —, certo? Esse é, sem dúvida, um dos explosivos mais conhecidos que existem, e consiste em um sólido amarelo que foi criado em 1863 para ser usado originalmente como pigmento. Isso mesmo! Quem descobriu que o TNT podia ser utilizado como explosivo foi um químico alemão chamado Carl Häussermann, cerca de 30 anos depois de o material ser desenvolvido.
Não é queijo não!
Uma das vantagens do TNT é que ele não explode espontaneamente e é fácil de ser manuseado. O material inclusive pode ser derretido e vertido em recipientes sem que nada de muito emocionante aconteça, e é necessário um detonador para que esse explosivo libere toda a sua força. E bota força nisso, já que os grupos nitro do composto se convertem rapidamente em nitrogênio (gasoso).
Por conta dessa versatilidade toda no manuseio, o TNT — que não deve ser confundido com a dinamite — é ideal para ser usado em demolições controladas, já que ele pode ser facilmente distribuído pela estrutura que irá voar pelos ares sem maiores riscos. Veja a seguir um edifício vindo abaixo com o uso de TNT:
Outra curiosidade sobre o TNT é que ele também usado como base para medir a energia liberada em explosões, especialmente as nucleares, bem como para estimar o poder de possíveis impactos de asteroides.
A sigla RDX é usada em referência à ciclotrimetilenotrinitramina, um explosivo cujas propriedades se devem à presença de muitas ligações entre átomos de nitrogênio — em vez de oxigênio. Acontece que essas ligações são extremamente instáveis, já que os átomos de nitrogênio se unem produzindo esse elemento na forma gasosa, e quanto mais ligações de nitrogênio existirem em uma molécula, mais explosivo será o material.
Cristal de RDX
Pois o RDX contém mais ligações instáveis entre átomos de nitrogênio do que o TNT, o que significa que ele é mais potente do que bom e velho trinitrotolueno. Sendo assim, o mais normal é que o RDX — que também é bastante utilizado em demolições controladas — seja misturado a outros explosivos para torná-lo menos propenso a detonar sozinho.
O TATP — ou triperóxido de triacetona — é um explosivo quase tão potente como o TNT, só que muito menos estável e propenso a detonar sozinho devido ao fato das ligações entre os átomos de oxigênio desse composto serem fracas e instáveis. Tanto que um choque ou pancada um pouco mais forte podem desencadear a explosão, o que torna até o processo de produção da “Mãe de Satã” (sim, esse é o apelido carinhoso que arrumaram para o TATP!) superperigoso.
Olha a Mãe de Satã aí!
E falando em processo de produção, um problema que as autoridades enfrentam é que esse explosivo pode ser facilmente fabricado, e é utilizado frequentemente em bombas improvisadas associadas com ataques terroristas. Você se recorda dos atentados que aconteceram no metrô de Londres em 2005? Então... foi a Mãe de Satã!
Um dos explosivos mais poderosos que existem é o PETN (tetranitrato de pentaeritrina), que contém grupos nitro parecidos aos que existem no TNT e na nitroglicerina — que é o explosivo da dinamite —, só que em maior quantidade. Entretanto, como é bastante difícil conseguir que esse material detone sozinho, o mais normal é que ele seja empregado em combinação com outros explosivos, como o TNT e o RDX.
Pozinho poderoso
O PETN foi muito usado durante a Segunda Guerra Mundial como detonador de explosões, e hoje em dia é empregado para iniciar detonações de armas nucleares. Curiosamente, esse material apresenta baixa toxicidade e tem propriedades medicinais — e pode ser utilizado como vasodilatador para tratar quadros de angina, por exemplo.
Considerado como a substância química mais explosiva já criada, a aziroazida azida é composta por moléculas com 14 átomos de nitrogênio, a maioria deles ligados entre si por meio de ligações sucessivas extraordinariamente instáveis. Na verdade, é impossível encontrar esse tipo de molécula na natureza, justamente devido à sua instabilidade, mas ela pode ser criada em laboratório — embora isso não seja nada recomendado!
Ainda bem que ninguém encontrou um uso para essa substância ainda!
Para você ter uma ideia, qualquer tentativa de manusear ou tocar a aziroazida azida pode fazer com que as ligações que existem entre os átomos de nitrogênio se quebrem em várias moléculas de nitrogênio gasoso — que se expandirá rapidamente, liberando uma enorme quantidade de energia.
Por conta disso, apenas quantidades bem pequeninas desse material já foram sintetizadas para teste, e muitos equipamentos pra lá de caros acabaram sendo completamente destruídos no processo!
*Este texto foi elaborado com base em informações presentes em um artigo de Laura Finney, publicado pelo portal The Conversation.