Ciência
03/06/2014 às 06:37•3 min de leitura
A ideia da viagem no tempo sempre foi bastante explorada nos filmes e seriados de ficção. Através de naves, portais, cabines ou mesmo de carros, os personagens podiam voltar ou avançar no tempo de uma forma surpreendente. No entanto, em nossa vida real a viagem no tempo é algo muito teorizado pelos cientistas, mas sem nenhum resultado comprovado.
Em teoria, uma das formas de se viajar no tempo seria pelos chamados “buracos de minhoca”. Foi Albert Einstein que teorizou pela primeira vez a existência desses buracos com a formulação de sua teoria geral da relatividade. Mas essas passagens existem?
Na verdade, elas nunca tiveram a sua existência realmente comprovada e ninguém tem de fato ideia se os buracos de minhoca existem ou não. Porém, se eles existissem, os físicos teóricos lançaram a hipótese de que eles poderiam atuar como portais para o futuro e o passado ou ligar duas regiões distantes do espaço.
Mas antes que você se anime para pegar uma carona na TARDIS ou no DeLorean para voltar no passado e mudar algumas coisinhas na sua vida, saiba que há uma enorme ressalva nessa que seria uma possível viagem no tempo: apenas os fótons poderiam viajar pelo buraco da minhoca.
E até mesmo os fótons poderiam denotar um exagero para o atalho hipotético através do espaço-tempo. Em um artigo publicado no arXiv , o físico teórico Lucas Butcher, da Universidade de Cambridge, revisitou a teoria do buraco de minhoca e, potencialmente, encontrou uma maneira de abrir caminho a essas entidades notoriamente instáveis.
Segundo o Live Science, no final de 1980, o físico Kip Thorne, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), teorizou que para fazer um buraco de minhoca “atravessável” alguma forma de energia negativa seria necessária. No mundo quântico, essa força poderia vir na forma de energia de Casimir ou Efeito Casimir.
É conhecido que, se duas placas perfeitamente lisas são mantidas muito próximas uma da outra no vácuo, os efeitos quânticos entre as placas terão uma ação repulsiva (ou atrativa, dependendo da configuração da placa). Isto é causado por ondas de energia que são muito grandes para caber entre as placas, gerando uma rede de energia negativa entre as placas quando comparadas com o espaço "normal" circundante.
Conforme pensado por Thorne e sua equipe da Caltech, esta energia Casimir poderia ser aplicada no “pescoço” de um buraco de minhoca, segurando-o aberto por tempo suficiente para que algo pudesse passar.
Porém, mesmo que se algum viajante de porte quântico pudesse passar por esse “pescoço”, o buraco de minhoca provavelmente iria colapsar muito rapidamente.
Então, reavaliando este cenário, Lucas Butcher identificou algumas configurações mais estáveis do buraco e, em determinadas situações, o seu colapso poderia ser evitado por um tempo maior. Mas para que isso aconteça, o buraco de minhoca precisaria ser muito longo e ter uma “garganta” estreita. Neste caso, parece possível que os fótons poderiam atravessar o buraco de minhoca.
“A energia negativa Casimir permite que o buraco de minhoca entre em colapso muito lentamente, sua vida útil crescendo sem limites como o comprimento de garganta é aumentado. Nós acreditamos que a garganta se fecha devagar o suficiente para que sua região central possa ser percorrida com segurança por um pulso de luz”, explicou Butcher.
Butcher admite que, embora não esteja claro a partir de seus cálculos que o pulso de luz seja capaz de completar sua jornada de um extremo para o outro do buraco, há uma possibilidade tentadora do envio de sinais mais rápidos do que a velocidade da luz ou até mesmo voltar no tempo.
"Estes resultados sugerem que timidamente um buraco de minhoca ‘atravessável’ macroscópico poderia ser sustentado por sua própria energia Casimir, fornecendo um mecanismo para a comunicação mais rápida do que a luz e curvas causais fechadas", disse o cientista.
No momento, este trabalho é altamente teórico, mas poderia renovar o interesse no estudo dos buracos negros e as suas capacidades potenciais da ponte espaço-tempo, conforme apontou Matt Visser, da Victoria University of Wellington, na revista New Scientist.
Então, se precisássemos buscar a evidência física de buracos de minhoca, esta pesquisa poderia nos ajudar? Ainda é cedo para dizer, segundo os físicos. Provavelmente, teremos que esperar mais tempo e mais estudos aprofundados dos cientistas para saber se um dia, ao menos os fótons, possam realmente viajar no tempo.