Saiba por que você não deve fugir de carro em caso de uma explosão nuclear

25/05/2017 às 09:053 min de leitura

Conforme explicamos em uma matéria anterior aqui do Mega Curioso, existem quase 15 mil ogivas nucleares no mundo, a maioria delas significativamente maior e mais poderosa do que os artefatos que explodiram em Hiroshima e Nagasaki. Então, imagine que as coisas desandem e os líderes mundiais birutas que têm acesso a arsenais atômicos decidam apertar seus botõezinhos vermelhos e lançar bombas uns contra os outros — e que, por azar, uma delas caia perto de onde você se encontre.

undefinedBoom!

A reação normal seria tentar fugir para as colinas, de preferência pisando fundo no acelerador do seu carro, para escapar o mais rápido possível, certo? Errado! De acordo com o especialista em radiação Brooke Buddemeier, que conversou com Dave Mosher, do site Business Insider, tentar fugir de uma situação dessas com o seu automóvel não seria a melhor escolha para garantir a sua sobrevivência.

Caos

Para começar, pense no caos que se instalaria se uma bomba atômica explodisse na sua cidade! Os sobreviventes provavelmente tomariam as ruas na tentativa de fugir e, em meio à destruição e ao grande volume de escombros, pessoas e veículos, seria bastante complicado sair do lugar. Ademais, o seu carro, mesmo feito com peças metálicas, vidro e tal, não protegeria você do que vem depois de uma explosão nuclear.

undefinedFeitos de metal leve e fininho, os automóveis não serviriam para muita coisa, mesmo depois da explosão

De acordo com Brooke, uma das consequências mais temidas de uma detonação atômica é a cinza nuclear. Segundo explicou, ela consiste em uma complexa mistura de isótopos radioativos que são criados durante as reações nucleares. Acontece que boa parte dessas partículas decai rapidamente, passando de um estado instável para um mais estável, liberando energia na forma de radiação gama — que, em excesso, é muito ruim para a gente.

Quando somos expostos a uma grande quantidade de radiação gama em um curto intervalo de tempo, as células do nosso corpo sofrem sérios danos e perdem a habilidade de se recuperar. Essa condição é chamada de Síndrome Aguda da Radiação — ou simplesmente envenenamento radioativo — e também pode afetar o sistema imunológico e sua capacidade de combater infecções.

Carro inútil

Brooke usou o exemplo do que aconteceria no caso de que uma bomba com 10 kilotons de energia — ou 66% menos poderosa do que as que caíram sobre Hiroshima e Nagasaki — explodisse. Ele disse que a bola de fogo resultante subiria pela atmosfera a mais de 160 quilômetros por hora, as partículas radioativas se misturariam à terra, escombros e o que quer que voasse pelos ares com a detonação, e todo esse material contaminado poderia alcançar mais de 8 quilômetros de altitude.

undefinedExplosão da bomba em Nagasaki

O problema é que, enquanto os fragmentos maiores e mais pesados cairiam de volta na superfície instantes mais tarde, as partículas radioativas menores e mais leves permaneceriam na atmosfera e poderiam viajar grandes distâncias. E sabe o que mais? É comum que os ventos alcancem 160 km/h em grandes altitudes, portanto tentar se afastar disso tudo com um carro — feito de vidro e leves camadas de metal — deixaria você igualmente exposto à radiação.

O melhor, segundo Brooke, é tentar encontrar uma estrutura robusta o mais rápido possível e se esconder no centro dela. Se essa “estrutura robusta” for subterrânea e se encontrar sob camadas e mais camadas de terra, concreto ou, quem sabe, chumbo, melhor! Mas, na falta de um lugar assim, o interior de um edifício, porão ou abrigo reforçado ainda é muito mais seguro do que o seu carro. A não ser, claro, que ele esteja estacionado dentro de uma garagem tipo a Batcaverna.

undefinedInútil

Outra dica do especialista: procure ficar nesse local protegido por 12 a 24 horas, pelo menos. Isso porque os níveis de radiação gama caem exponencialmente após uma explosão nuclear, o que significa que o risco de contaminação também diminui. Além disso, Brooke ressalta que é importante ter um radinho por perto, já que, por meio dele, você poderá ficar por dentro do que está rolando no exterior e saber quando e por meio de qual rota é mais seguro se mandar da área atingida pela bomba.

undefinedTeste nuclear da Castle Bravo, no atol de Bikini

É óbvio que a probabilidade de que qualquer um de nós veja uma situação dessas é extraordinariamente remota, mas saber como proceder em todo tipo de situação — especialmente considerando a quantidade de malucos que existem pelo mundo — nunca é demais!

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