Aliados do Nazismo: o Fusca e seu surgimento graças a Adolf Hitler

15/01/2015 às 11:215 min de leitura

Conforme você vem acompanhando na série Aliados do Nazismo aqui do Mega Curioso, não foram poucos os empresários e corporações que colaboraram e faturaram muito graças às suas ligações com o Terceiro Reich.

No entanto, apesar de todos os horrores cometidos ao longo da guerra, sem falar no extermínio de 6 milhões de judeus durante o Holocausto, não podemos nos esquecer de que o Partido Nazista era socialista e que seu objetivo primordial era o de melhorar as vidas dos trabalhadores — ainda que os esforços fossem exclusivamente focados nos trabalhadores arianos.

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Foi devido ao propósito de melhorar a vida da população que nasceu o bom e velho fusquinha, que veio ao mundo graças ao empenho de Adolf Hitler de criar um automóvel confiável e barato que fosse acessível a todos. Confira sua fascinante história a seguir:

Um breve panorama da época

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O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães nasceu na década de 20, em uma época de extrema instabilidade econômica e política na Alemanha. O país sofria com a hiperinflação, altos índices de desemprego e baixos salários, e a situação era, em grande parte, resultado dos preparativos para a guerra e das medidas impostas através do Tratado de Versalhes pelos países vitoriosos na Primeira Guerra Mundial.

Embora a situação não fosse uma das melhores, a economia alemã se manteve relativamente estável durante os anos 20. Contudo, a crise que se espalhou pelo mundo por conta da Quebra da Bolsa de Nova York em 1929 causou consequências devastadoras para a Alemanha. Para segurar as pontas, o governo foi obrigado a tomar providências drásticas para controlar a variação de preços.

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Contudo, no início da década de 30, essas medidas, apesar de terem provocado uma redução na inflação, tiveram como consequência a queda de salários e empregos no país. Assim, o profundo descontentamento acabou arrastando os trabalhadores alemães aos partidos socialistas, que, ao pregar contra o capitalismo e enaltecer os direitos dos operários, ofereciam alguma esperança de melhora através da reforma econômica.

Entre esses partidos estava o Nazista, que, além do discurso socialista típico, também tinha os financistas judeus — que controlavam boa parte da dívida pública alemã — na linha de fogo. O resto você já sabe: durante as eleições de 1932, os nazistas ganharam pela maioria no Reichstag e, em 1933, sucumbindo à pressão do partido, o governo apontou Adolf Hitler como Reichskanzler, ou seja, como Chanceler da Alemanha.

Carro do Povo

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O nome Volkswagen, como comentamos na matéria anterior sobre os Aliados do Nazismo, significa “carro do povo”. Sua origem veio do genuíno desejo e esforço de se desenvolver um veículo alemão barato e acessível para todos. No período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, bem poucos alemães da classe média podiam se dar ao luxo de ter carros, e a frota inteira do país girava em torno dos 81 mil automóveis. Comparado com o Reino Unido, a França e — principalmente — com os EUA, esse número era absurdamente baixo.

Assim, uma das primeiras coisas que Hitler fez quando subiu ao poder foi pôr em andamento seu projeto de desenvolver um automóvel para o povo. O Fürher anunciou que tinha objetivo de lançar um carro de quatro portas que seria comercializado por mil reichsmarks, valor que poderia ser bancado por famílias ordinárias e que, finalmente, colocaria veículos em circulação na Alemanha.

Antes do Fusca, existiram outras iniciativas de lançar um veículo mais barato na Alemanha, como foi o caso do Hanomag da Hannoversche Maschinenbau AG, o Laubfrosch da Opel — subsidiária da General Motors na Alemanha — e o Dixi da BMW. Contudo, não havia dinheiro suficiente no país para tornar a posse de carros algo plausível. Então, industriais alemães visitaram as extraordinárias linhas de produção da Ford nos EUA e ficaram extasiados.

Volks e Porsche

undefinedPorsche apresentando o Fusca a Hitler

No período anterior à guerra, várias montadoras europeias tinham engenheiros quebrando a cabeça para criar carros mais acessíveis para a população. Um deles era o alemão Ferdinand Porsche, que na época já trabalhava no desenvolvimento de veículos de luxo e de artilharia pesada e havia projetado e construído um protótipo de automóvel popular que ele batizou de Volksauto.

Para desenvolver seu modelo, Porsche se inspirou em um esboço do húngaro Béla Barényi — que criou o característico motor traseiro refrigerado por ar que se tornou umas das principais características do Fusca— e no formato proposto pelo austríaco Erwin Komenda para outro projeto. O resultado final lembrava assustadoramente o carro V570 da montadora tcheca Tatra que já estava em circulação, e Porsche teve vários problemas legais pela suposta cópia.

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Hitler, que buscava um modelo que comportasse cinco pessoas, alcançasse velocidades decentes e fosse barato, adotou a proposta de Porsche. Entretanto, havia um probleminha: o engenheiro alemão estava enfrentando um processo de violação de patentes por conta de seu Volksauto e havia concordado em pagar uma multa para a Tatra.

O Fürher interveio, se prontificando a “resolver” a questão com a montadora tcheca e, além de dar o calote, mais tarde as tropas alemãs invadiram a Tchecoslováquia e assumiram o controle tanto da administração como da fábrica da Tatra.

O nascimento do Fusca

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Com a questão das patentes temporariamente “solucionada”, os nazistas deram andamento ao projeto. Não havendo nenhuma montadora na Alemanha que pudesse produzir um carro a custos tão baixos como o Fürher exigia, em 1938, Hitler construiu uma planta — totalmente inspirada nas de Ford — especificamente para isso. E mais: para ajudar os trabalhadores a adquirir os automóveis, o governo inclusive criou um programa de apoio financeiro.

O automóvel foi batizado oficialmente de Kraft durch Freude-Wagen — que significa algo como “Carro da Força pela Alegria” —, e o entusiasmo com seu lançamento foi muito grande, angariando mais de 250 mil interessados em adquirir o modelo. Contudo, com o início da guerra, a produção teve que ser suspensa, e tanto a planta como os materiais tiveram que ser adequados à nova demanda de veículos militares.

Pós-guerra

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Com o fim da guerra, a Alemanha foi divida em vários setores que ficaram sob o comando dos aliados, e a zona onde se encontrava a planta de produção do Fusca ficou nas mãos dos britânicos. Eventualmente, a fábrica foi posta novamente para funcionar, e a produção de automóveis logo voltou a florescer. Em agosto de 1955, o milionésimo Volkswagen saiu da linha de produção, e 100 mil pessoas compareceram à cerimônia.

No fim das contas — e apesar dos pesares —, Adolf Hitler conseguiu o que queria com seu “Carro do Povo”, e o Fusca acabou se transformando em um indiscutível sucesso mundial. O último modelo sedan do Volkswagen foi produzido no México em 2003, e estima-se que mais de 21 milhões de unidades tenham sido fabricadas em todo o planeta antes de ele se tornar obsoleto.

Mais informações interessantes:

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  • Devido ao fato de o fluxo de automóveis nas rodovias alemãs ser tão pequeno na época em que a criação do Fusca foi proposta, as primeiras regulamentações de trânsito especificavam que os motoristas só precisavam conduzir pela pista da direita quando havia tráfego no sentido contrário;
  • Quando o projeto de desenvolvimento do Volkswagen foi anunciado por Hitler, uma das especificações do veículo era a de que seria possível montar uma metralhadora em sua estrutura;

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  • A mídia alemã tinha verdadeiro fascínio por Henry Ford, e Adolf Hitler, como você sabe, além de admirar a mente progressista do industrial norte-americano e se inspirar em suas fábricas para criar a montadora germânica, se identificava profundamente com seu antissemitismo escancarado;
  • Grande parte da mão de obra utilizada pelos nazistas nas plantas de produção era composta por prisioneiros tidos como escravos. Todos os bebês nascidos de trabalhadoras das fábricas eram tirados de suas mães e enviados a orfanatos — e a maioria deles não sobreviveu aos horrores da guerra;

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  • A questão do processo da Tatra (a montadora tcheca) contra Porsche por conta da violação das patentes finalmente foi solucionada pela Volkswagen em 1961.

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