Estilo de vida
01/02/2016 às 17:00•3 min de leitura
Nos últimos meses de 2015 o mundo todo presenciou momentos de tensão entre alguns países, que fizeram surgir especulações sobre um possível conflito em escala global – em outras palavras, passamos pertinho de presenciar o início de uma Terceira Guerra Mundial.
O grande problema de que algo do tipo acontecesse hoje é que algumas nações contam com um arsenal nuclear considerável, que poderia ser utilizado a qualquer momento. O uso massivo de bombas do tipo poderia ter resultados catastróficos, e os cenários pós-apocalípticos que vemos em filmes e jogos poderia se tornar realidade.
O risco de a coisa toda ir pelos ares, no entanto, não é tão atual assim: os ânimos já ficaram bem exaltados durante o período da Guerra Fria, quando o mundo ficou mais próximo de um grande conflito. Por isso, preparamos uma lista com cinco situações em que a humanidade quase presenciou um apocalipse nuclear. Confira:
A década de 60 foi delicada quando o assunto é política: o mundo estava polarizado entre Estados Unidos e União Soviética e as duas nações não eram particularmente amigáveis entre si. Em 1961, enquanto a população acompanhava as notícias do nascimento de John Kennedy Jr., o exército norte-americano estava se preparando para bombardear a Rússia.
O motivo foi a queda de comunicação entre todas as unidades da NORAD, a agência de defesa aeroespacial dos EUA. A conclusão imediata dos militares foi de que a União Soviética estava atacando, fosse por meio da sabotagem do principal sistema de defesa dos norte-americanos contra possíveis lançamentos de mísseis nucleares.
Enquanto os Estados Unidos se preparavam para retaliar com seus bombardeiros carregados com ogivas nucleares, alguém descobriu que uma estação no Colorado que havia tido problemas técnicos – e toda a comunicação entre as unidades passava por aquele ponto. No final das contas, não houve ataque nenhum e um simples reator superaquecido poderia ter decretado o início de uma terceira guerra.
John F. Kennedy e Nikita Khrushchev conversando para evitar que o mundo todo fosse pelos ares
Uma das histórias mais conhecidas da tensão provocada pela Guerra Fria, a crise dos mísseis em Cuba aconteceu em 1962, apenas um ano depois do incidente com a NORAD. Isso serve para mostrar que os nervos realmente estavam à flor da pele naquela época.
A situação toda consistiu na descoberta, por parte dos americanos, de que a União Soviética estava montando plataformas de lançamento de mísseis nucleares em Cuba, a menos de 200 quilômetros da costa leste dos Estados Unidos. John Kennedy, o presidente norte-americano, ordenou que um bloqueio marítimo fosse feito para evitar que mais material desembarcasse em terras cubanas.
Foram cinco dias de negociação tensa entre o governo dos EUA e a URSS. Em uma carta, Kennedy chegou a dizer que nenhum dos países queria afundar o mundo em uma guerra em que ninguém poderia ganhar e que resultaria em consequências catastróficas para toda a humanidade. Um acordo foi fechado para que os soviéticos retirassem seus mísseis da ilha, em troca da retirada de mísseis americanos da Turquia.
Ninguém queria briga, mas algumas situações soam como um risco desnecessário, como o incidente na costa espanhola em 1966. Um bombardeiro americano B-52 sobrevoava no limite do espaço aéreo soviético quando iniciou um processo de reabastecimento aéreo através de outra aeronave.
Alguma coisa deu errado, o avião que estava fornecendo combustível em pleno ar bateu no bombardeiro e imediatamente os dois começaram a cair. Só havia um detalhe: o B-52 carregava quatro bombas de hidrogênio. Três delas caíram em um vilarejo na região de Andaluzia, com duas provocando pequenas explosões – sem nenhuma reação nuclear, por sorte, mas espalhando plutônio radioativo no local.
Uma das bombas H resgatadas
A terceira bomba caiu em um rio, sem detonar, enquanto o quarto dispositivo só foi encontrado dois meses depois, no Mediterrâneo. A limpeza do material radioativo nuclear ainda acontece, mesmo 50 anos depois do incidente.
Durante as décadas de 70 e 80, os EUA trabalhou fortemente com o que eles chamavam de "Jogos de Guerra": um software que criava projeções de cenários que poderiam resultar em conflitos diretos entre norte-americanos e soviéticos. O problema é que esse programa apresentou alguns glitches em seu funcionamento, e não foi apenas uma ocasião.
Em 1979 o software enviou dados falsos de radar para quatro comandos nucleares americanos, mostrando um ataca em escala máxima por parte da União Soviética. Por sorte, outros radares não apresentaram problema e conseguiram parar toda a movimentação que havia sido iniciada para retaliar o suposto ataque.
Um ano depois, em 1980, o programa novamente apresentou informações do lançamento de 2 mil mísseis soviéticos contra os EUA. O número surgiu depois que um mostrador, que habitualmente mostrava "0000", passou a mostrar "0200" e, então, "2000". Os bombardeiros já estavam preparados quando o alarme falso foi rapidamente identificado e, mais uma vez, um ataque norte-americano motivado por uma falha foi impedido.
Com o aparente fim da tensão entre Rússia e Estados Unidos, já na década de 1990, nada parecia perturbar o sossego do mundo com relação aos riscos de uma guerra nuclear. Em 1995, no entanto, um grupo de pesquisadores noruegueses lançou um foguete para estudar a aurora boreal.
Black Brant XII: o míssil da discórdia
O problema é que as estações russas confundiram o dispositivo com um míssil norte-americano – que não fugia muito da realidade, já que os noruegueses realmente estavam usando um foguete dos EUA para o teste, mas avisaram os governos de diversos países, inclusive o da Rússia, do que estava planejado.
Mesmo assim, num lapso, foi uma questão de tempo até Boris Yeltsin entrar em contato com um de seus generais para ativar o sistema de defesa de seu país contra ataques nucleares. Por sorte, eles resolveram esperar para ver a trajetória do foguete e perceberam que não se tratava de uma ofensiva. Isso mostra que, depois de décadas de tensão, a ressaca da Guerra Fria ainda estava presente.